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Mostrando postagens de janeiro, 2023

Palavras estimulantes

 O assunto circula na internet. Não tem a ver com corrupção nem decisões do Supremo.  Trata-se de jeitinhos de dizer. Há palavras e expressões com poder estimulante. Elas motivam, empurram pra frente. Há, também, as desanimadoras, que apostam na estagnação e no fracasso. Ambas condicionam o cérebro e influenciam as ações. Que tal prestar atenção a elas? Ainda Ainda é pra lá de bem-vinda. A trissílaba abre possibilidades. É positiva. Compare: Não tenho casa própria. Não tenho casa própria ainda. Viu? O advérbio dá um recado claro. Não tenho hoje. Mas vou ter. É questão de tempo. Cuidado. Usado em contexto negativo, o ainda pode causar estragos. É o caso desta frase: Minha casa ainda não foi assaltada. Cruz-credo! Xô! Tentar x experimentar Compare as duas respostas dadas para a mesma pergunta: — Você vai entregar o trabalho amanhã? A primeira: — Vou. A segunda: — Vou tentar. Ops! A primeira transmite firmeza. Não deixa dúvidas. O trabalho mudará de mãos amanhã. A segunda funciona como ba

Hem e hein / ter de e ter que / em pé e de pé / juro ou juros / Recife ou o Recife - tanto faz

 Hem? Hein? A interjeição tem as duas grafias. Você escolhe. Hen e heim não existem. Em não é interjeição, mas sim preposição. Ter que? Ter de? No português moderno, tanto faz. Você escolhe: Tenho de estudar. Tenho que estudar. De pé? Em pé? Com uma ou outra preposição, o sentido se mantém: Come em pé. Come de pé. Viajei em pé. Viajei de pé. Esperamos em pé. Esperamos de pé. Trabalhava em pé. Trabalhava de pé. Oba! O Banco Central passou a tesoura na Selic. A taxa encolheu para 6%. Foi aplauso geral. Dinheiro mais barato é pra lá de bem-vindo. Esperamos que caia mais, muito mais. Quando? Enquanto se discutem datas, vale a questão. Juro ou juros? Tanto faz. No singular ou plural, o significado não muda. A concordância acompanha o número: O juro caiu. Os juros caíram. Férias viraram pesadelo. Um passageiro estava com coronavírus. O navio que transportava turistas pelo litoral brasileiro ficou retido no porto … de Recife ou do Recife? A gramática abona ambas as formas.

Tentar - o mal-amado

 Os psicólogos ensinam: “Quem quer faz, quem não faz tenta”. Com ele a pessoas fica em cima do muro. Não assume compromisso. Compare a diferença: Vou tentar concluir o trabalho hoje. Vou concluir o trabalho hoje. Percebeu? Na primeira frase, o falante vacila. Na segunda, mostra firmeza.  

Plural - nomes próprios

 A pergunta passa de boca em boca. Substantivo próprio tem plural? Tem. Ele não goza de privilégios. Flexiona-se como os substantivos comuns. Eça de Queirós deu o exemplo. Escreveu Os Maias. Nós vamos atrás: os Silvas, os Castros, os Câmaras, as Antônias. Há exceção? Há. Quando a flexão descaracteriza o nome, cessa tudo o que a musa antiga canta. É o caso de Queiroz. Queirozes? Nãooooooooooo! Singular e plural ficam iguais: os Queiroz.

Óculo e óculos - número

 Lincon Santos da Silva leu o Correio de sábado. Levou um baiiiiiiita susto. Na capa, estava escrito: “Aos 13 anos, Karine Mota, pela primeira vez, passou por um exame oftalmológico e ganhou um óculos”.  Confuso, pergunta: “Há como alguém ganhar um óculos? Não seria um par de óculos ou simplesmente óculos? Pergunto, pois vejo comerciais na TV, de grandes óticas vendendo um óculos“. Você tem razão. Óculos é substantivo plural: os óculos, meus óculos, óculos escuros. Karine ganhou óculos ou um par de óculos. Diferença Existem as palavras óculo e óculos. Óculo significa luneta. Tem uma lente. Binóculo é filhote dele. Bi quer dizer dois. O danadinho tem duas lunetas. Óculos, sempre com s, tem duas lentes, uma para cada olho. Daí o plural obrigatório.

Time plural - núpcias & cia.

 Núpcias pertence ao time plural. Exige artigos e adjetivos no mesmo número (as núpcias, núpcias badaladas). Outros membros da equipe: os óculos, as férias, os pêsames, os parabéns, as fezes, as calendas, os pêsames. Etc. e tal.  

Cidadãos - plural e feminino

 O assunto do momento? É o programa Renda Cidadã. Com ele, a palavra cidadão ganhou espaço na mídia e nas conversas de gente como a gente. Um grupo do WhatsApp discutiu o plural do vocábulo. Alguns apostaram em cidadãos. Outros, em cidadões. Apareceu ainda cidadães. E daí? A turma fez o mais acertado: consultou o dicionário. O Aurélio não fala no assunto. O Houaiss vai direto ao ponto. Diz que o plural de cidadão é simples como andar pra frente. Basta acrescentar um s — cidadãos. Ops! Surpresa! Na consulta, descobriram que o feminino é generoso. Tem duas formas: cidadã e cidadoa.

Felizes férias ou feliz férias? Ou tanto faz?

 Verão combina com sol. Sol pede sombra, água fresca e óculos escuros. Com eles enfrentamos a claridade da praia e da serra, destino de quem tira folga da cidade pra gozar merecidas férias. Ao falar no assunto, lembre-se. Férias e óculos jogam no time que tem mania de grandeza. As duas palavras só se usam no plural. Não há meio-termo. É plural ou plural: Nas férias, uso óculos escuros. Onde estão meus óculos? Esqueci os óculos na gaveta. Felizes férias!