Prof. Dílson Catarino - Verbos com Predicação Oscilante

Existem verbos que podem ser, indiferentemente, transitivos diretos, indiretos ou intransitivos, sem que isso implique alteração de sentido.  

VTD ou VTI, com a prep. a:



Assistir:


Pode ser VTD ou VTI, com a prep. a, quando significar ajudar.


 


– Minha família sempre assistiu o Lar dos Velhinhos.


– Minha família sempre assistiu ao Lar dos Velhinhos.


 



Chamar:


Pode ser VTD ou VTI, com a prep. a, quando significar qualificar, nomear, usado com predicativo do objeto. A qualidade pode vir precedida da prep. de, ou não.


 


– Chamaram o rapaz irresponsável.


– Chamaram o rapaz de irresponsável.


– Chamaram ao rapaz irresponsável.


– Chamaram ao rapaz de irresponsável.


 



Atender:


Pode ser VTD ou VTI, com a prep. a.


 


– Atenderam o meu pedido prontamente.


– Atenderam ao meu pedido prontamente.


 



Anteceder:


Pode ser VTD ou VTI, com a prep. a.


 


– A velhice antecede a morte.


– A velhice antecede à morte.


 



Presidir:


Pode ser VTD ou VTI, com a prep. a.


 


– Presidir o país. 


– Presidir ao país.


 



Renunciar:


Pode ser VTD ou VTI, com a prep. a.


 


– Nunca renuncie seus sonhos. 


– Nunca renuncie a seus sonhos.


 



Satisfazer:


Pode ser VTD ou VTI, com a prep. a.


 


– Não satisfaça todos os seus desejos.


– Não satisfaça a todos os seus desejos.


 



VTD ou VTI, com a prep. de


 



Precisar e necessitar:


Podem ser VTDs ou VTIs, com a prep. de, quando se segue um substantivo ou pronome.


 


– Precisamos pessoas honestas.


– Precisamos de pessoas honestas.


 


No Brasil, porém, o uso da preposição difundiu-se como se fosse obrigatório, embora coexistam ambas as formas. Ninguém – a não ser professores de Português em aulas de Regência Verbal – fala Precisamos pessoas honestas. Pode-se dizer, portanto, que, no Brasil, precisar e necessitar são usados como transitivos indiretos e, em Portugal, podem ser transitivos diretos, quando o complemento é um substantivo ou pronome.

Se, porém, à sua frente, houver outra oração ou outro verbo no infinitivo, o mais comum é não usar a preposição:


 


– Precisamos que encontrem pessoas honestas.


Precisar é VTD, quando significar marcar com precisão e VI, quando significar ser necessitado.


– O governador precisou as metas de governo.


– O prefeito ajuda a quem precisa.


 



Abdicar:


Pode ser VTD ou VTI, com a prep. de, e também VI.


 


– O Imperador abdicou o trono.


– O Imperador abdicou do trono.


– O Imperador abdicou.


 



Gozar:


Pode ser VTD ou VTI, com a prep. de.


 


– Ele não goza sua melhor forma física.


– Ele não goza de sua melhor forma física.


 



VTD ou VTI, com a prep. em


 



Acreditar e crer:


Podem ser VTD ou VTI, com a prep. em, quando se segue um substantivo ou pronome.


 


– Nunca cri pessoas que falam muito de si próprias.


– Nunca cri em pessoas que falam muito de si próprias.


 


No Brasil, porém, o uso da preposição difundiu-se como se fosse obrigatório, embora ambas as formas sejam corretas. Ninguém – a não ser professores de Português em aulas de Regência Verbal – fala Nunca cri pessoas que falam muito de si próprias. Pode-se dizer, portanto, que, no Brasil, crer e acreditar são usados como transitivos indiretos, enquanto em Portugal, são usados como transitivos diretos, quando o complemento é um substantivo ou pronome.

Se, porém, à sua frente, houver outra oração ou outro verbo no infinitivo, o mais comum é não usar a preposição:


 


– Nunca cri que pessoas que falam muito de si próprias são verdadeiras.


 



Atentar:


Pode ser VTD ou VTI, com a prep. em, para ou por.


 


– Em suas redações atente a ortografia.


– Deram-se bem os que atentaram nisso.


– Não atentes para os elementos supérfluos.


– Atente por si, enquanto é tempo.


 



Cogitar:


Pode ser VTD ou VTI, com a prep. em ou de.


 


– Cogitou uma viagem pelo litoral brasileiro.


– Hei de cogitar no caso.


– O diretor cogitou de demitir-se.


 



Consentir:


Pode se VTD ou VTI, com a prep. em.


 


– Como o pai desse garoto consente tantos agravos?


– Consentimos em que saíssem mais cedo.


 



VTD ou VTI, com a prep. por


 



Ansiar:


Pode ser VTD ou VTI, com a prep. por.


 


– Ansiamos dias melhores.


– Ansiamos por dias melhores.


 



Almejar:


Pode ser VTD ou VTI, com a prep. por, ou VTDI, com a prep. a.


 


– Almejamos dias melhores.


– Almejamos por dias melhores.


– Almejamos dias melhores ao nosso país.


 



VI ou VTI, com a prep. a


 



Faltar, Bastar e Restar:


Podem ser VIs ou VTIs, com a prep. a.


 


– Muitos alunos faltaram hoje.


– Três homens faltaram ao trabalho hoje.


– Resta aos vestibulandos estudar bastante.


 


Na última frase apresentada não há erro algum, como à primeira vista possa parecer. A tendência é de o aluno concordar o verbo estudar com a palavra vestibulandos, construindo a oração “Resta os vestibulandos estudarem”, porém essa construção é inadequada, pois o verbo é transitivo indireto, portanto resta a alguém. Então vestibulandos funciona como objeto indireto, e não como sujeito. Nenhum verbo concorda com o objeto indireto, a menos que você queira inventar novas regras para a gramática.


 



Quando houver, na oração, um verbo transitivo indireto, com a prep. a, seguido de um substantivo feminino, que exija o artigo a, ocorrerá o fenômeno denominado crase, que deve ser caracterizado pelo acento grave (à ou às).


 


– Assisti à peça das meninas.


 



VI ou VTD


 



Pisar:


Pode ser VI ou VTD. Quando for VI, admitirá a prep. em, iniciando adjunto adverbial de lugar.


 


– Pisei a grama para poder entrar em casa.


– Não pise no tapete, menino!

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