Prof. Dílson Catarino - Verbos Transitivos Indiretos

 São verbos que se ligam ao complemento por meio de uma preposição. O complemento é denominado de objeto indireto.


O objeto indireto pode ser representado por substantivo, palavra substantivada, oração (oração subordinada substantiva objetiva indireta) ou pronome oblíquo.


Os pronomes oblíquos átonos que funcionam como objeto indireto são me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Esses pronomes eliminam a preposição. Por exemplo, o verbo obedecer exige a preposição a, pois “quem obedece, obedece A algo/ A alguém”. Quando, porém, for usado um pronome oblíquo átono como objeto indireto, ela desaparecerá: “Obedeço a eles” = “Obedeço-lhes”.


Os pronomes oblíquos tônicos que funcionam como objeto indireto são mim, ti, si, ele, ela, nós, vós, eles, elas. Esses pronomes não eliminam a preposição. Ao contrário, mesmo quando ela não for exigida pelo verbo, ao usar esses pronomes, ela será obrigatória. Por exemplo, o verbo amar não exige preposição alguma, pois, “quem ama, ama algo / alguém”. Quando, porém, for usado um pronome oblíquo tônico diante desse verbo, a preposição a será obrigatória: “Amo a ela”. Se um deles for usado como complemento de verbo que exige preposição, obviamente ela será obrigatória: “Obedeço a elas”; “Gosto dela”; “Penso nela”.


Vamos à lista, então, dos mais importantes verbos transitivos indiretos: Há verbos que surgirão em mais de uma lista, pois têm mais de um significado e mais de uma regência.


 



Verbos Transitivos Indiretos, com a prep. a: 



Aspirar:


Será VTI, com a prep. a, quando significar pretender, almejar. Caso o complemento seja outro verbo no infinitivo, a preposição será opcional.


 


– Aspiramos a uma vaga naquela universidade.


– Aspiramos a conseguir aquela vaga.


– Aspiramos conseguir aquela vaga. (Como o complemento do verbo aspirar é outro verbo no infinitivo, a preposição é opcional).


 


Apesar de aspirar ser transitivo indireto que exige a preposição a, não se deve usar como complemento um pronome oblíquo átono – me, te, lhe, nos, vos, lhes -, mas sim um tônico – a mim, a ti, a ele, a ela, a nós, a vós, a eles, a elas. É inadequado, portanto, construir frases como “A uma vaga na universidade, aspiramos-lhe”. O adequado é o seguinte:


 


– A uma vaga na universidade, aspiramos a ela.


 


Somente os verbos transitivos diretos admitem voz passiva, portanto é inadequado para a língua padrão o uso de aspirar com sujeito paciente, no sentido de almejar ou objetivar. Não se deve dizer, por exemplo, “Aquela vaga é aspirada por nós”. 

Correção: 'Aquela vaga é desejada por nós'.


 


Quando houver um verbo transitivo indireto com a prep. a seguido de um substantivo feminino que exija o artigo a, ocorrerá o fenômeno denominado crase, que deve ser caracterizado pelo acento grave (à ou às). O mesmo ocorre diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo (àquele(s), àquela(s), àquilo).


 


– Aspiramos à vaga.


– Aspiramos àquela vaga.


– Aspiramos àquele cargo.


 



Visar:


Será VTI, com a prep. a, quando significar ter em vista, querer. Caso o complemento seja outro verbo no infinitivo, a preposição será opcional.


 


– Sempre visei a uma vida melhor.


– Visamos a conseguir aquela vaga.


– Visamos conseguir aquela vaga. (Como o complemento do verbo visar é outro verbo no infinitivo, a preposição é opcional).


 


Apesar de visar ser transitivo indireto que exige a preposição a, não se deve usar como complemento um pronome oblíquo átono – me, te, lhe, nos, vos, lhes, mas sim um tônico – a mim, a ti, a ele, a ela, a nós, a vós, a eles, a elas. É inadequado, portanto, construir frases como “A uma vaga na universidade, visamos-lhe”. O adequado é o seguinte:


 


– A uma vaga na universidade, visamos a ela.


 


Somente os verbos transitivos diretos admitem voz passiva, portanto é inadequado para a língua padrão o uso de visar com sujeito paciente, nesse sentido. Não se deve dizer, por exemplo, “Aquela vaga é visada por nós”.

Correção: 'Aquela vaga é almejada por nós'.


 


Quando houver um verbo transitivo indireto com a prep. a seguido de um substantivo feminino que exija o artigo a, ocorrerá o fenômeno denominado crase, que deve ser caracterizado pelo acento grave (à ou às). O mesmo ocorre diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo (àquele(s), àquela(s), àquilo).


 


– Visamos à vaga.


– Visamos àquela vaga.


– Visamos àquele cargo.


 



Agradar:


Será VTI, com a prep. a, quando significar satisfazer.


 


– Para agradar ao pai, estudou com afinco o ano todo.


 


Como agradar é transitivo indireto que exige a preposição a, seu complemento tanto pode ser representado por um pronome oblíquo átono – me, te, lhe, nos, vos, lhes – como por um tônico – mim, ti, ele, ela, nós, vós, eles, elas.


 


– Para lhe agradar, estudou com afinco o ano todo.


– Para agradar a ele, estudou com afinco o ano todo.


 


Quando houver um verbo transitivo indireto com a prep. a seguido de um substantivo feminino que exija o artigo a, ocorrerá o fenômeno denominado crase, que deve ser caracterizado pelo acento grave (à ou às). O mesmo ocorre diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo (àquele(s), àquela(s), àquilo).


 


– Para agradar à mãe, estudou com afinco o ano todo.


– Para agradar àqueles homens, corrompeu-se.


 



Querer:


Será VTI, com a prep. a, quando significar ter afeto, amar.


 


– Quero aos meus amigos como a meus irmãos.


 


Como querer é transitivo indireto que exige a preposição a, seu complemento tanto pode ser representado por um pronome oblíquo átono – me, te, lhe, nos, vos, lhes – como por um tônico – mim, ti, ele, ela, nós, vós, eles, elas.


 


– Quero-lhes como a meus irmãos.


– Quero a eles como a meus irmãos.


 


Somente os verbos transitivos diretos admitem voz passiva, portanto é inadequado para a língua padrão o uso de querer com sujeito paciente, no sentido de estimar. Não se deve dizer, por exemplo, “Aquela pessoa é querida por nós”.


 


Quando houver um verbo transitivo indireto com a prep. a seguido de um substantivo feminino que exija o artigo a, ocorrerá o fenômeno denominado crase, que deve ser caracterizado pelo acento grave (à ou às). O mesmo ocorre diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo (àquele(s), àquela(s), àquilo).


 


– Quero às minhas amigas.


– Quero muito àquelas pessoas.


 



Assistir:


Será VTI, com a prep. a, quando significar ver ou pertencer.


 


– Gosto de assistir aos jogos do Santos.


– Assiste ao trabalhador o descanso semanal remunerado.


 


Como assistir é transitivo indireto que exige a preposição a, no sentido de pertencer seu complemento tanto pode ser representado por um pronome oblíquo átono – me, te, lhe, nos, vos, lhes – como por um tônico – mim, ti, ele, ela, nós, vós, eles, elas.


 


– Assiste ao prisioneiro o direito de ficar ao sol uma hora por dia.


– Assiste-lhe o direito de ficar ao sol uma hora por dia.


– Assiste a ele o direito de ficar ao sol uma hora por dia. 


 


Apesar de assistir ser transitivo indireto que exige a preposição a, no sentido de ver não se deve usar como complemento um pronome oblíquo átono – me, te, lhe, nos, vos, lhes -, mas sim um tônico – a mim, a ti, a ele, a ela, a nós, a vós, a eles, a elas. É inadequado, portanto, construir frases como “Ao jogo do Santos assistimos-lhe”. O adequado é o seguinte:


 


– Ao jogo do Santos, assistimos a ele.


 


Somente os verbos transitivos diretos admitem voz passiva, portanto é inadequado para a língua padrão o uso de assistir com sujeito paciente nos dois sentidos. Não se deve dizer, por exemplo, “Aquele filme foi assistido por nós”. Para usar a voz passiva, deve-se usar um verbo sinônimo de assistir, como ver: 'Aquele filme foi visto por nós'.


 


Quando houver um verbo transitivo indireto com a prep. a seguido de um substantivo feminino que exija o artigo a, ocorrerá o fenômeno denominado crase, que deve ser caracterizado pelo acento grave (à ou às). O mesmo ocorre diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo (àquele(s), àquela(s), àquilo).


 


– Assisti à peça de Mário Prata.


– Ainda não assisti àquele filme.


– Assiste às mulheres os mesmos direitos dos homens.


 



Custar:


Será VTI, com a prep. a, quando significar ser difícil, custoso. Nesse caso o verbo custar terá como sujeito aquilo que é difícil. A pessoa a quem algo é difícil será o objeto indireto, portanto não se usam os pronomes pessoais do caso reto – eu, tu, ele, ela, nós, vós eles, elas – com o verbo custar, e sim os pronomes oblíquos átonos – me, te, lhe, nos, vos, lhes -, que fazem a preposição desaparecer, ou os tônicos, que são sempre acompanhados de preposição – a mim, a ti, a ele, a ela, a nós, a vós, a eles, a elas.


 


– Custou a João acreditar em Mariana. e não “João custou a acreditar…”, a não ser que você queira inventar novas regras para a gramática. O sujeito de custar é a oração acreditar em Mariana; o substantivo João é o objeto indireto. Ninguém custa a nada, nós não somos produtos nem serviços. Nesse sentido, o verbo só poderia ser usado para pessoas na época da escravidão, em que os negros vindos da África eram vendidos.


 


Como custar é transitivo indireto que exige a preposição a, seu complemento tanto pode ser representado por um pronome oblíquo átono – me, te, lhe, nos, vos, lhes – como por um tônico – mim, ti, ele, ela, nós, vós, eles, elas.


 


– Custou-lhe acreditar em Mariana.


– Custou a ele acreditar em Mariana.


– Custou-me acreditar em Mariana.


– Custou a mim acreditar em Mariana. (Observe que, nessa frase, o pronome mim é objeto indireto de custar, e não sujeito de acreditar, por isso não se deve usar eu.


 


Quando houver um verbo transitivo indireto com a prep. a seguido de um substantivo feminino que exija o artigo a, ocorrerá o fenômeno denominado crase, que deve ser caracterizado pelo acento grave (à ou às). O mesmo ocorre diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo (àquele(s), àquela(s), àquilo).


 


– Custou àquele aluno aceitar a suspensão.


– Custou à Mariana acreditar nele.


 



Proceder:


Será VTI, com a prep. a, quando significar realizar.


 


– Os fiscais procederam a uma fiscalização mais rígida naquela manhã.


 


Apesar de proceder ser transitivo indireto que exige a preposição a, não se deve usar como complemento um pronome oblíquo átono – me, te, lhe, nos, vos, lhes -, mas sim um tônico – a mim, a ti, a ele, a ela, a nós, a vós, a eles, a elas. É inadequado, portanto, construir frases como “A uma fiscalização mais rígida, os fiscais procederam-lhe”. O adequado é o seguinte:


 


–  A uma fiscalização mais rígida, os fiscais procederam a ela.


 


Somente os verbos transitivos diretos admitem voz passiva, portanto é inadequado para a língua padrão o uso de proceder com sujeito paciente, no sentido de levar a efeito, efetuar, realizar, fazer. Não se deve dizer, por exemplo, “Foi procedido um inquérito…”. Corrija-se para: 'Um inquérito foi realizado' ou 'efetuado'.


 


Quando houver um verbo transitivo indireto com a prep. a seguido de um substantivo feminino que exija o artigo a, ocorrerá o fenômeno denominado crase, que deve ser caracterizado pelo acento grave (à ou às). O mesmo ocorre diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo (àquele(s), àquela(s), àquilo).


 


– Os fiscais procederam à fiscalização.


– Os fiscais procederam àquela fiscalização.


 



Obedecer e desobedecer:


São VTI, com a prep. a.


 


– Obedeço aos regulamentos.


 


Como obedecer e desobedecer são transitivos indiretos que exigem a preposição a, seu complemento tanto pode ser representado por um pronome oblíquo átono – me, te, lhe, nos, vos, lhes – como por um tônico – mim, ti, ele, ela, nós, vós, eles, elas.


 


– Obedeço-lhes.


– Obedeço a elas. 


 


Somente os verbos transitivos diretos admitem voz passiva. Obedecer e desobedecer são, porém, uma exceção à regra. É possível usar esses verbos na voz passiva.


 


– As regras da empresa são obedecidas por todos os funcionários.


 


Quando houver um verbo transitivo indireto com a prep. a seguido de um substantivo feminino que exija o artigo a, ocorrerá o fenômeno denominado crase, que deve ser caracterizado pelo acento grave (à ou às). O mesmo ocorre diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo (àquele(s), àquela(s), àquilo).


 


– Obedecemos às regras da empresa.


– Jamais obedecerei àquilo.


 



Responder:


Será VTI, com a prep. a, quando possuir apenas um complemento. Havendo dois complementos, será bitransitivo. Aceita voz passiva, desde que o sujeito seja aquilo (e não aquele) a que se responde.


 


– Responda aos testes com atenção.


– Respondeu ao professor com desdém.


– Respondeu os testes ao professor com desdém.


 


Apesar de responder ser transitivo indireto que exige a preposição a, não se deve usar como complemento único um pronome oblíquo átono – me, te, lhe, nos, vos, lhes -, mas sim um tônico – a mim, a ti, a ele, a ela, a nós, a vós, a eles, a elas. É inadequado, portanto, construir frases como “Àquela questão, os alunos não lhe responderam”. O adequado é o seguinte:


 


– Àquela questão, os alunos não responderam a ela. 


 


Quando houver um verbo transitivo indireto com a prep. a seguido de um substantivo feminino que exija o artigo a, ocorrerá o fenômeno denominado crase, que deve ser caracterizado pelo acento grave (à ou às). O mesmo ocorre diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo (àquele(s), àquela(s), àquilo).


 


– Respondeu às perguntas com desdém.


– Respondeu àqueles testes.


 



Além de aspirar, visar, responder e assistir no sentido de ver, outros verbos transitivos indiretos que exigem a preposição a não admitem o uso dos pronomes oblíquos átonos – me, te, lhe, nos, vos, lhes -, mas sim um tônico – a mim, a ti, a ele, a ela, a nós, a vós, a eles, a elas. São eles: aludir, referir-se e anuir.


 


– Àquelas questões, não me referirei a elas jamais. 


– Àquelas questões, não aludirei a elas jamais.


– Fiz o pedido aos diretores, mas não anuíram a ele.


 



Verbos Transitivos Indiretos, com a prep. com


 



Simpatizar e Antipatizar:


São VTI, com a prep. com. Não são verbos pronominais, portanto não se deve dizer simpatizar-se, nem antipatizar-se.


 


– Sempre simpatizei com Eleodora, mas antipatizo com o irmão dela.


 



Implicar:


Será VTI, com a prep. com, quando significar ter implicância. 


 


– Não sei por que o professor implica comigo.


 



Verbos Transitivos Indiretos, com a prep. de


 



Esquecer-se e lembrar-se:


Serão VTI, com a prep. de, quando forem pronominais, ou seja, somente quando forem usados com pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, se), poderão ser usados com a prep. de, a não ser quando o seu complemento for outro verbo no infinitivo; nesse caso, a preposição de será usada seja o verbo pronominal ou não.


 


– Esqueci que havíamos combinado isso.


– Esqueci-me de que havíamos combinado isso.


 


– Ela não lembrou o meu nome.


– Ela não se lembrou do meu nome.


 


– Esqueci-me de trazer os documentos.


– Esqueci de trazer os documentos.


 



Proceder:


Será VTI, com a prep. de, quando significar originar-se.


 


– Esse mau-humor de Paulo procede da educação que recebeu.


 



Verbos Transitivos Indiretos, com a prep. em


 



 


Consistir:


É VTI, com a prep. em. Esse verbo significa resumir-se ou estar firmado, ter por base, ser constituído por. O uso da preposição de se explica pela semelhança com o verbo constar. E também é uma influência do inglês consist of.


 


– O plano consiste em criar uma secretaria especial.


 



Sobressair:


É VTI, com a prep. em. Não é verbo pronominal, portanto não se deve usar sobressair-se.


 


– Quando estava no colegial, sobressaía em todas as matérias.


 



Verbos Transitivos Indiretos, com a prep. por


 



Torcer:


Quando significa desejar sucesso ou simpatizar com time ou clube, é VTI, com a prep. por. Pode ser também verbo intransitivo. Somente neste caso, usa-se com a prep. para, que dará início a oração subordinada adverbial final. Para ficar mais fácil, memorize assim: Torcer por + substantivo ou pronome. Torcer para + oração (com verbo).


 


– Estamos torcendo por você.


– Estamos torcendo para você conseguir seu intento.


 



Chamar:


Será VTI, com a prep. por, quando significar invocar.


 


– Chamei por você insistentemente, mas não me ouviu.

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