Redação para o Enem - critérios

 Círculo 1: Critérios


Um jogo tem regras. Antes de entrar em campo, o atleta sabe o que pode e o que não pode fazer. Ocorre o mesmo com a redação do Enem. Os critérios  sinalizam o caminho a seguir. Olho neles:


Domínio da norma-padrão da língua. Escreva o português que aprendeu na escola. Respeite grafias, concordâncias, regências, pontuação. Nada de liberdades aceitas na internet. Lembre-se: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Deixe o internetês para o YouTube e as redes sociais.

Compreensão do tema. Entenda a proposta de redação. Leia-a muitas vezes e faça o que pede tim-tim por tim-tim. Se a ordem for “as causas da obesidade infantil”, foque nos porquês (sedentarismo e alimentação inadequada). Não enrole. Vacilos são a principal razão da nota zero.

Seleção e organização dos argumentos. Você vai escrever uma dissertação. Defenderá um ponto de vista. Precisa selecionar, organizar e interpretar argumentos que o ajudem a convencer o leitor. Use a terceira pessoa. Deixe o eu pra lá. Os textos e imagens motivadores oferecem ideias para construir a argumentação.

 Coesão. Palavras, frases e parágrafos têm de estar amarrados. Uns conversam com os outros. Às vezes, a sequência de ideias dá conta do recado. Outras vezes, preposições, conjunções, partículas de transição dão senhora ajuda na ligação de partes. O texto deve parecer uma equipe, não um monte de jogadores soltos, perdidos, desorientados.


Proposta de intervenção. E daí? O que fazer? Apresente solução para o problema sobre o qual você falou. Dependendo do caso, convoque o governo, o Congresso, o Judiciário, a escola, a Igreja, ONGs, clubes sociais. Diga o que deve ser feito. Olho vivo: respeite a diversidade cultural e os direitos humanos. Evite mensagens de ódio, preconceito de qualquer tipo e racismo.

 


LEMBRETES


 


Cada critério vale 200 pontos.

2017: entre 4.445.902 candidatos, só 8.823 tiraram 200 no critério 1.

O verbo da dissertação é convencer: prove, demonstre, argumente.

A redação é um jogo. Só entre quando conhecer as regras.

O hábito de redigir se conquista com garra e perseverança. Redigir é habilidade como nadar, digitar, jogar futebol, vôlei ou games. Exige treino. Treine. Escreva muito e sempre

Escreva sobre qualquer coisa — novela, futebol, eleições


Círculo 2: Planejamento


Você vai escrever um texto de 30 linhas. O tempo é curto. Como aproveitar cada minuto? A resposta é planejar. Depois de ler o tema e os textos motivadores, faça um esquema. Ele organiza as ideias e traça o caminho a seguir. Quer ver? Eis o passo a passo:


Respire fundo. Três vezes. O ar entra pelo nariz e sai pela boca. Devagarinho. No vai e vem, deixe-o acariciar o umbigo. Sorria por dentro e por fora. Depois, massageie as orelhas sem pena. Pressione onde doer. Com isso, você acorda todos os sentidos.

Leia o tema da redação. Sem pressa. Entenda-o. Pense no aspecto que quer abordar, formule a tese numa frase, busque argumentos para sustentar seu ponto de vista.

Planeje o texto. Eis um modelo:

Tema: É o assunto a ser tratado. Responde à pergunta “o quê”?


Delimitação do tema: Aspecto do tema a ser tratado. É o quê do quê.


Objetivo: Para que você escreve o texto? Aonde quer chegar? O que quer provar? A resposta é um verbo no infinitivo (provar, demonstrar, sugerir, criticar).


Ideias o desenvolvimento: Como chegar lá? Que argumentos, opiniões, exemplos, citações ajudam a sustentar a tese? Faça uma tempestade de ideias. Depois selecione as mais adequadas.


Sentença-tese. Numa frase, sintetize a tese que você quer defender.

Exemplo

Tema: votar


Delimitação do tema: razões para votar


Objetivo: demonstrar a importância de votar


Ideias do desenvolvimento: desculpas para não votar (desencanto, descrença, preguiça), consequências de não votar (abdicar ao poder de mudar, fazer o jogo das velhas raposas, citação de Boff e Toynbee), importância de votar (mudar as coisas, expressar a vontade, assumir compromisso de escolher e fiscalizar).


Sentença-tese: Votar é a arma para mudar a realidade indesejada e criar a realidade que se quer.


 


LEMBRETES


1. Só comece a escrever quando tiver certeza do que quer comunicar.


2. O texto deve definir bem os objetivos para levar o leitor a agir.


Círculo 3: Redação


Imagine: Tite forma um time com os melhores jogadores do mundo. Todos do nível de Cristiano Ronaldo, Messi, Neymar. Confiante no talento individual, põe a equipe em campo antes de definir a posição e a movimentação de cada um. Resultado: os atletas não formam conjunto. Correm sem rumo, chutam a esmo, estranham a bola. São 11 Pelés transformados em 11 patetas.


Com a dissertação ocorre o mesmo. Belas ideias, belas palavras e belas frases não resultam necessariamente em bom texto. Para chegar à unidade de composição, elas precisam se articular — entrosar-se com clareza, harmonia e coerência. Estruture sua redação. Comece pelo rascunho (há uma folha destinada a ele). Depois, passe a limpo. Por fim, avalie o resultado.


Rascunho


Feito o planejamento, é hora de escrever. Mãos à obra:


Respeite os critérios.

2. A dissertação tem três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. Ou, se preferir, começo, meio e fim.


2.1. Introdução: apresenta a tese. Diz ao leitor o que você vai dizer.


2.2. Desenvolvimento: sustenta a tese. Apresenta os argumentos para convencer os incrédulos de que você tem razão.


2.3. Conclusão: confirma a tese e encerra o assunto. Apresenta a proposta de sugestão.


Divida o texto em parágrafos. Um para a introdução. Dois ou três para o desenvolvimento. Um para a conclusão.

Mantenha a coesão. No texto, as palavras, as frases e os parágrafos batem papo pra lá de amigável. Se um estranho entra sem se anunciar, rompe-se a harmonia. Lembra-se do babaca que introduziu no meio da dissertação uma receita de Miojo? Quis bancar o esperto. Pagou caro.

Revise: livre-se das repetições que denunciam pobreza de vocabulário, corrija grafia, concordâncias, regências, pontuação, crase. E por aí vai.

Passe a limpo. Letra legível, parágrafos mais ou menos do mesmo tamanho, ideias claras, fluência na argumentação causam boa impressão.

 


LEMBRETES


Escreva livremente. Corrija depois.

A introdução diz o que você vai dizer. O desenvolvimento diz o que você disse que ia dizer. A conclusão diz o que você disse.

Vá logo ao ponto. Não encha linguiça.

Como começar? Com uma frase atraente que estimule a vontade de avançar até o fim.

Como terminar? Com um fecho marcante. A última impressão é a que fica.

O dicionário é o reino das palavras. Consulte-o.

Erros gramaticais comprometem a imagem e roubam pontos.

Dê ao texto um toque humano. Você se dirige a pessoas de carne e osso.

 


Texto final


Por que votar


Sobram desculpas para não votar. Há os que falam em desencanto. Estão cansados de mensalões, Lava-Jatos & cia. Há os que não creem em mudanças. As eleições renovam as caras, mas conservam o ranço. Há, por fim, os que se olham. Inertes, descobrem a própria preguiça. Preguiça de se informar. Preguiça de participar. Preguiça de decidir. Então, omitem-se. Demitem-se da cidadania.


Renunciar ao voto significa abster-se de mudar as coisas. Sacramentar os donos do poder. Fazer o jogo dos políticos que se apegam ao poder como chiclete em cabelo crespo. Aí, valem as palavras de Leonardo Boff: “Até que se invente outro sistema, é o voto que decide desde o preço e a qualidade do pão da padaria até o direito de tornar sonhos realidade”. Ou as de Toynbee: “Quem não se interessa pela política condena-se a ser governado pelos que se interessam”.


Por isso, não vale fugir. Impõe-se votar. Votar para que um candidato ganhe. Votar para que outro perca. Na falta de simpatia por este ou aquele favorito, votar num azarão para  expressar a vontade. Nada de recorrer ao velho argumento contra a classe política. Ela nada mais é que o reflexo da sociedade. Basta dar uma olhadinha na lista de parlamentares. Na gama de postulantes, há oferta pra todos os gostos. Existem os limpos, os sujos e os nem tanto. O eleitor tem de escolher um que lhe mereça a confiança. Ou, pelo menos, o benefício da dúvida.


Cabe ao Tribunal Superior Eleitoral estimular a ida às urnas. Jornais, rádios, tevês, Igreja, escola e clubes sociais desempenham papel importante. Todos têm de martelar mensagens motivadoras. Exemplos: Quem escolhe se compromete. Fiscaliza. Lembra em quem votou. Pode avaliar-lhe o trabalho a ponto de reelegê-lo ou descartá-lo. Quem se omite abdica do direito de reclamar. E omissão tem sempre um preço. Quem paga a conta? Eu, você, ele, nossos filhos e netos. A prestação dura quatro anos. Com possibilidade de mais quatro.


Círculo 4: Avaliação


Imagine que você seja o professor que vai avaliar sua redação. Olhe seu texto. Ele está dividido em parágrafos? Oba! A separação das ideias diz que você tem familiaridade com a língua escrita.

Leia o texto do começo ao fim. Releia-o com cuidado. Ele atingiu o objetivo? Começou bem — com uma frase atraente, que desperta no leitor a vontade de prosseguir? As ideias estão encadeadas, uma leva a outra? Terminou com um fecho elegante?

É fácil de ler e entender? Parece natural como uma conversa entre amigos? As frases soam harmoniosas (sem cacófatos, rimas, repetições e erros gramaticais)?

Você sente orgulho da sua obra? Parabéns. Você é um autor nota 1000. Uma vaga da universidade é sua.

 


Lembretes


Nem toda repetição é má. A estilística dá liga e charme ao texto.

Faça perguntas diretas — terminadas por ponto de interrogação.

Prefira palavras curtas e simples. Fuja das literárias e científicas. Não queira falar como um deputado.

Vírgula? Ponto e vírgula? Na dúvida, use ponto.

Frases curtas são fáceis de entender e você acerta na pontuação, conjunções e correlação verbal.

Seja natural. Imagine que o leitor esteja à sua frente batendo papo.

Surpreenda. Fuja dos chavões e das frases feitas como o diabo foge da cruz.

Simplicidade impressiona mais que erudição forçada.

Não queira ser um escritor genial. Eles são eles, você é você.

Quando terminar, não use a palavra FIM, porque não é o último capítulo da novela.

Evite coisa e algo, por terem sentido vago. Prefira elemento, fator, tópico, índice, item.


Evite - ingressar, retornar, objetivar, sufragar, corte, pleito, pretório excelso, causídico, demandante, inconformação, contestação, usufrutuário, certame, holerite.

Prefira - entrar, voltar, pretender, votar, tribunal, eleição, Supremo Tribunal Federal, advogado, réu, recurso, resposta, usuário, concurso, contracheque.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sky+DirecTV - dúvidas

Cine Total / Sessão Especial - lista de filmes

Menu Sky em 2007 (1)