Segunda pessoa indireta - Pronomes de tratamento

 Eis que estamos diante de mais uma das particularidades que norteiam os fatos linguísticos. Desta vez, remetemo-nos ao caso relacionado à segunda pessoa indireta – característica esta demarcada pela utilização de pronomes que, apesar de indicarem o interlocutor (no caso, representado pela segunda pessoa), exigem o verbo na terceira pessoa.


Sendo assim, no intuito de nos tornarmos assíduos conhecedores dessa questão, constatemos os casos que integram tal ocorrência. São eles, portanto:



* Os pronomes de tratamento, tais quais aqui representados:

Pronome / Abreviatura / Usado para se dirigir a

Vossa Senhoria / V. Sa. / pessoas de cerimônia, funcionários graduados, linguagem comercial

Vossa Excelência / V. Exa. / altas autoridades e oficiais-generais

Vossa Excelência Reverendíssima / V. Exa. Revma. / bispos e arcebispos

Vossa Eminência / V. Ema. / cardeais

Vossa Alteza / V. A. / príncipes e duques

Vossa Santidade / V. S. / papa

Vossa Reverendíssima / V. Revma. / sacerdotes e religiosos em geral

Vossa Paternidade / V. P. / superiores de ordens religiosas

Vossa Magnificência / V. Maga. / reitores de universidades

Vossa Majestade / V. M. / reis e imperadores




Tais pronomes indicam uma forma indireta de tratamento de um interlocutor, visto que representam a segunda pessoa do discurso, ou seja, aquela com quem falamos. Entretanto, toda concordância que com eles é realizada se dá por meio da terceira pessoa. Assim como nos demonstra o exemplo subsequente:


Todos esperam que Vossa Excelência cumpra com todas as suas promessas de campanha. 



* Também são pronomes de tratamento senhor, senhora, senhorita, madame e você, vocês. Os quatro primeiros são usados no tratamento respeitoso, e os dois últimos no tratamento íntimo. Você e vocês são largamente empregados no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente, em outras, é muito pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária, textos jurídicos e científicos.  


* Ainda em se tratando deles (você e vocês), podem ser usados exercendo a função de pronomes pessoais do caso reto (atuando como sujeito ou predicativo), ou de pronomes pessoais do caso oblíquo (atuando como objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, adjunto adverbial ou agente da passiva). Exemplificados nos casos a seguir:

- Você agrada a todos. (sujeito)

- A mais bela de todas é você. (predicativo do sujeito)

- Todas as homenagens foram feitas a você. (objeto indireto)

- Temos toda confiança em você. (complemento nominal)

- A história foi contada por você. (agente da passiva)

- Vou com você à farmácia. (adjunto adverbial)



* Em referência ao padrão formal da linguagem, torna-se necessário mencionar que não existe a mistura dos pronomes “tu” e “você”, fato este amplamente disseminado na linguagem cotidiana, assim como neste exemplo que segue:


Se você quiser, posso te esperar.

Com vistas a possibilitar que tal discurso se torne adequado, obtém-se:  


Se você quiser, posso esperá-lo. 



* Os pronomes pessoais do caso oblíquo (representados por “o, a, os, as, lhe, lhes, se, si e consigo”) também são usados em combinação com “você”. Perceba:


Já lhe disse algumas vezes que você precisa se esforçar mais.

É difícil saber que vocês só se preocupam consigo mesmos.



* No que concerne à linguagem informal, é notável o uso da expressão “a gente” no sentido de se referir à primeira pessoa do plural (nós), uma vez expressa por meio do verbo na terceira  pessoa do singular. Vejamos, pois:


Na infância, a gente faz cada coisa!


Reformulando tal enunciado, no intuito de adequá-lo à linguagem padrão, obteríamos:


Na infância, nós fazemos cada coisa!


O título Dom (abreviado como D) se usa para nobres, monges beneditinos, membros da família imperial e dignitários da Igreja a partir dos bispos. Seu feminino Dona se usa para senhoras de qualquer classe social. 

De uso generalizado em Portugal e no Brasil é o título de Doutor (abreviado como Dr), e sua forma feminina Doutora (Dra). Recebem-no não só os que concluíram o grau de doutorado, mas também médicos, advogados, dentistas, nutricionistas, psicólogos e veterinários.

Também generalizado é o título de Professor (abreviado como Prof), e sua forma feminina Professora (Profa). No Brasil se usa para docentes de qualquer grau de ensino, e em Portugal se usa para os docentes de ensino primário e superior.


Para ser bem exato geograficamente, é comum falar-se o "tu" no Brasil nas seguintes regiões: no estado do Rio de Janeiro, em grande parte do estado de Minas Gerais, nos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e no sul do estado do Paraná, em toda a região Nordeste com exceção do estado da Bahia, em toda a região Norte, no Distrito Federal, e na região metropolitana de Santos no estado de São Paulo.


Contudo, em quase todos esses lugares se utiliza a conjugação verbal incorreta, de terceira pessoa do singular.


Somente no litoral de Santa Catarina, em alguns lugarejos do Rio Grande do Sul e na região metropolitana de Belém do Pará é que se conjuga o verbo corretamente, na segunda pessoa do singular.


Os lugares onde praticamente não se usa o tu no dia a dia são a região Centro-Oeste inteira exceto Brasília, o estado da Bahia, e a maior parte dos estados de São Paulo, Paraná e Espírito Santo.

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