Manhas do imperativo afirmativo e negativo

Imperativo deriva de império. A família diz tudo. Trata-se de clã com poderes absolutos. Imperador, imperial e imperioso são alguns dos membros que mandam e desmandam. Às vezes, as criaturas têm de baixar a crista. Em vez de ordenar, pedem. Ou suplicam. Em qualquer dos casos, o imperativo impera.

Sim e não

O imperativo joga em dois times. Num, libera a ação ou o modo de ser. É o afirmativo. Noutro, recusa. É o negativo. Pra não deixar dúvida, antecede as formas verbais de não.

Trate diferentemente os desiguais

O imperativo afirmativo exige atenção plena. Rigoroso, divide as pessoas do discurso em dois grupos. As segundas pessoas (tu e vós), ficam de um lado. As outras (você, nós, vocês), de outro. Nada de misturas.

“Tratar diferentemente os desiguais”, reza o mandamento do mandão. Como? Recorrendo ao presente do indicativo e do subjuntivo. O tu e o vós derivam do presente do indicativo. Mas esnobam o s final. Assim:

Presente do indicativo: sonho, sonhas, sonha, sonhamos, sonhais, sonham.

Imperativo afirmativo: sonha tu, sonhai vós.

Simples, as demais pessoas não dão trabalho. Saem todas do presente do subjuntivo: que você sonhe, nós sonhemos, eles sonhem.

Eureca! Eis o imperativo afirmativo completo: sonha tu, sonhe você, sonhemos nós, sonhai vós, sonhem vocês.

Negue

O imperativo negativo é curto e grosso. Sai todinho do presente do subjuntivo — sem tirar nem pôr. Pra não deixar dúvida, antecede-se do advérbio não. Veja: não sonhes tu, não sonhe você, não sonhemos nós, não sonheis vós, não sonhem vocês.

Nos verbos de segunda e terceira conjugação, esse esquema é o mesmo.

Nos dois imperativos, retira-se o QUE do subjuntivo.


Não misture

“Saia da Sibéria e vem pra Net já”, diz o comercial da Net. Reparou? Ele misturou alhos com bugalhos. O alho: o verbo se dirige à segunda pessoa. O bugalho: o pronome você conjuga o verbo na 3ª pessoa. Que tal desfazer a mistura? Há duas saídas. Uma: optar pelo tu (Sai da Sibéria e vem pra Net já). A outra: assumir o você (Saia da Sibéria e venha pra Net já).

Outra cara

“Sai que é sua, Taffarel”, disse Galvão Bueno. Ops! Olha a salada de pessoas. Que indigestão gramatical! Vamos tratar bem a língua e o organismo. Escolhamos uma ou outra. Sem misturas: Sai que é tua, Taffarel (tu). Saia que é sua, Taffarel (você).

Mais uma

“Você quer um desconto? Faz um 21”, diz o comercial da Embratel. O problema? A mistura de pessoas. Melhor descer do muro. Assumamos uma pessoa ou outra: Você quer um desconto? Faça um 21. Tu queres um desconto? Faz um 21.

Moral da história

Você tem poder? Mande. Não tem? Peça. Ou suplique. Mas faça-o bem. A receita: cuide do imperativo.

Exceção? Só tem um diferentão: o verbo ser. No imperativo afirmativo, ele faz: sê tu e sede vós. E os verbos dizer, fazer e trazer, que admitem duas formas na 2ª pessoa do singular: dize e diz, faze e faz, traze e traz.

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