A história dos ônibus de João Pessoa - Década de 70 e 80
Com a série de postagens históricas, essa será um tanto quando longa,
mas pra quem se interessa pelo transporte da capital paraibana, não
poderá deixar de acompanhar. Trazemos uma síntese e o resultado de
pesquisas realizadas e do debate gerado entre reuniões online e em nosso
grupo Paraíba Bus Team ® (que
tem como um dos objetivos primários da sua existência o resgate e a
valorização da história do transporte público paraibano), mediante
montagem do quebra-cabeça dos fatos que marcaram o transporte pessoense.
E mais ainda, quem sabe, formando uma referência histórica.
Antes dos anos 70…
A cidade de João Pessoa foi servida por meio de vários meios de
transportes no século passado, entre eles os clássicos bondes elétricos,
interligando partes do centro pessoense e bairros vizinhos.
Pleonasmo está na cara, né?
De 1928, tem-se o seguinte, conforme pesquisa do JC Barboza:
► Notícia da Paraíba (capital) dizia o seguinte: A nova Empresa de
Auto-Viação Paraibana inaugurará brevemente o serviço de transporte de
passageiros entre Paraíba e Recife. O trajeto será feito em 4 horas e
cada passagem custará 4 mil contos de Réis.
► Nessa época, o auto-ônibus, principalmente na Paraíba, Sergipe e
Pernambuco, era conhecido como “sopa”. A escritora nordestina Inês Maria
assim explica a origem do termo: “Os ônibus cujo preço das passagens
eram tão inferiores aos trens da Great Western, que o povo da capital
exclamava: Que sopa! O apelido pegou e alastrou-se pelo sertão.
► No estado da Paraíba é inaugurado, no dia 22 de Agosto de 1928, uma
linha de auto-ônibus, ligando a capital do estado à cidade vizinha de
Santa Rita.
► O Conselho Municipal da Paraíba concede os privilégios por dez anos à
empresa O. Pessoa & Barros para os serviços de transporte urbano e
cargas em auto-ônibus e caminhões.
Fonte:
Ônibus: uma história do transporte coletivo e do desenvolvimento urbano no Brasil. Autor: Waldemar Corrêa Stiel São Paulo: Comdesenho Estúdio e Editora, 2001
Auto Viação Dutra de João Pessoa
Ônibus com carroceria Carbrasa (Carrocerias Brasileiras SA) e chassis MBB LP-312 fazendo a linha João Pessoa X Rio de Janeiro
A Dutra foi uma das pioneiras na ligação Paraíba~Sudeste. Além dessa,
ela também operava a João Pessoa X São Paulo. Segundo famílias
conhecidas nossa que viajaram nessas empresas, devido às péssimas
condições das estradas brasileiras, as viagens entre PB e RJ duravam em
média entre 15 dias à 1 mês. Existem relatos que em uma dessas viagens,
um dos ônibus da empresa tombou uma ribanceira, e como não houve vítimas
fatais, o veículo foi desamassado e continuou viagem até o RJ bastante
avariado.
A Dutra operando linhas em João Pessoa
Nos anos 50 e 60, a Viação Dutra fazia linhas de vários pontos da cidade
para o centro, ou como diziam na época, para o comércio. Confiram
abaixo algumas imagens do acervo da Família Stuckert.
1962 – Antigo ônibus que na época fazia a linha Bairro dos Novais. Ciferal Cisne com chassi M-Benz LP-321 |
1963 – Moderno ônibus modelo Metropolitana Ipanema II, que fazia a linha Tambaú, atual 510 |
Anos 70 – O Divisor de Águas
0418 da Mandacaruense, em destaque |
Os anos 70 foram marcantes para o transporte pessoense, pois, parte da
estrutura do transporte que temos hoje, foi desenvolvida nessa década
citada. Infelizmente, o sistema atual herdou os “pecados”, carregando
consigo até hoje as mazelas da época, tais como: Ônibus com
superlotação, reclamações das empresas, atrasos, etc.
A Legislação vigente na época
Entre os anos 60 e início dos anos 70, existiam cerca de 120 ônibus
circulando por João Pessoa, boa parte deles microônibus e bicudinhas
Mercedes-Benz LP-312, que eram exploradas por cerca de 90 empresários,
já que existiam vários motoristas de ônibus particulares, e cada um
operavam suas linhas entre distritos e povoados existentes ao comércio.
De acordo com o artigo 44 da Lei Federal Nº 5.108 de 18 de Setembro de
1966, é de competência do município conceder, autorizar e permitir
serviços de transportes coletivos nas linhas locais. A Etur foi a
primeira empresa a ter sua concessão registrada em 1970, cujo contrato
foi autorizado pelo então prefeito Damásio Franca, e assinado por seu
substituto, o vereador Cabral Batista.
Na gestão de Dorgival Terceiro Neto, entrou em vigor o Decreto Nº 338,
de 16 de Julho de 1971, que rezava o disciplinamento da obrigatoriedade
dos proprietários isolados se agregarem e formarem empresas registradas
na Junta Comercial do Estado.
Em 1973, foi elaborado o primeiro instrumento legal de regulamentação do
serviço, através do Decreto Nº 832, de 28 de Setembro do mesmo ano,
facultando os direitos e deveres às empresas. O impulso dado aos
serviços teve continuação na gestão de Hermano Almeida, exigindo a
extinção do sistema de empresas agregadas, obrigando-as a renovarem os
contratos e provarem que os patrimônios fossem constituídos por ônibus
antes pertencentes aos agregados. Na mesma gestão, as vias que ligavam
os bairros ao centro foram asfaltados, diminuindo assim os custos das
empresas com manutenção e possibilitando mais investimento em renovação
da frota. Para ter concessão de uma linha coletiva, o Setrans exigia que
a empresa tivesse um capital de giro na importância de 600 salários
mínimos regionais, necessários à manutenção da frota e substituição dos
veículos defeituosos. A idade máxima exigida dos ônibus circular era de
13 anos para o chassi e 6 anos para a carroceria, em no mínimo 75% da
frota da empresa. Após a metade dos anos 70, houve uma melhora na frota
local com a aquisição de modelos das encarroçadoras Metropolitana,
Marcopolo e Caio Norte. Antes, boa parte dos ônibus que circulavam em
João Pessoa vinham usados de cidades do centro-sul.
Características do transporte
Diferente de hoje, com o Terminal de Integração, antigamente algumas
linhas tinham os seus terminais no centro. Durante uma parte dos anos
70, eles ficavam no Mercado Central.
Outros ficavam estacionados nas proximidades do Mercado, a exemplo da Etur.
Na mesma década, após muita reclamação do terminal no Mercado, ele foi transferido para a Rua Almeida Barreto.
E após, foi transferido pra a frente da Estação Ferroviária.
Entre outras curiosidades, estava o preço das passagens: sair do bairro
pra o centro custava mais caro do que fazer o caminho inverso. E a
outra, é que as empresas eram identificadas pelo prefixo. Algumas tinham
na carroceria apenas o 04 (Mandacaruense) e 09 (Marcos da Silva), e o
número de ordem ficava na lateral da vista frontal ou na traseira acima
do vidro, conforme abaixo:
Esse era o 0402 da Mandacaruense |
Os estudantes já tinham o direito a 50% do valor das passagens igual aos
dias atuais. Nos anos 70 também existiam os ônibus opcionais e
executivos. Também existiu um plano pra implantação do Trólebus (ônibus
elétrico) em João Pessoa, nas avenidas Epitácio Pessoa e Cruz das Armas,
mas sem sucesso.
Empresas atuantes – trajetória na década de 70
Até 1976, tem-se o registro das empresas:
► Etur – operava no Rangel e zona sul da cidade, sendo a sua principal
linha a atual 115 – Distrito Industrial. Operava também as linhas 109 –
Rua do Rio, 105 – Cidade, Bairro dos Novais e Jardim Veneza (linhas
extintas). No fim dos anos 70, com expansão pessoense,
passou a operar a atual 108 – Alto do Mateus, 102 – Esplanada, 502* – Geisel, e José Américo / Via Epitácio Pessoa.
passou a operar a atual 108 – Alto do Mateus, 102 – Esplanada, 502* – Geisel, e José Américo / Via Epitácio Pessoa.
(*: linha dividida com as empresas que viriam a existir, a Canaã e RB Transportes.)
► Mandacaruense – na mesma área atual, tendo por destaque a atual 504 – Mandacarú e a atual 002 – Róger.
► Empresa ABC – Jaguaribe, na linha Circular ABC e possivelmente a linha João Machado. Foi o primeiro nome da Marcos da Silva.
► Viação 1º de Maio – Tambaú, Cabo Branco* e João Agripino.
(*: A denominação Cabo Branco existia, porém esse nome era dado apenas à falésia. O restante era conhecido como Tambaú)
► Róger – Cidade Universitária e Castelo Branco / Via Epitácio*.
(*: Não existia a Avenida Pedro II, o corredor 3, na época, que só foi criado nos anos 80)
Róger nas proximidades da UFPB, em frente ao giradouro próximo ao atual hipermercado Carrefour |
► Torrelândia – Operava a atual 402 – Torre.
► Viação Ilha do Bispo – Operando no bairro de mesmo nome, possivelmente na extinta linha 001.
► Senhor do Bonfim – Surgiu a partir da compra da Viação 1º de Maio, e
opera a linha Tambaú / Cabo Branco, e João Agripino / Via Ruy Carneiro
(atual 507 e 510). Houve uma entrega oficial da frota dela, sendo a
pioneira em ônibus Mercedes-Benz Monobloco urbano na cidade.
Em janeiro de 1978, A Rodoviária Santa Rita entra no sistema pessoense,
operando a linha de Tambaú com seus Marcopolo Veneza II que mais tarde
seriam repassados à Viação São Judas Tadeu (década de 80) no lugar da
Senhor do Bonfim.
Após alguns meses, a Santa Rita passa a operar a linha da Torre (atual
402) no lugar da Torrelândia após essa ter encerrado suas atividades por
motivos desconhecidos.
Também em 1978, a Canaã passa a existir, operando após o surgimento de
novos bairros de João Pessoa e expansão dos existentes. Sua área de
atuação compreendeu o José Américo, Cristo (atual linha 204) e Geisel
(atual 202), operando as linhas via corredor 2 (Rangel). Por um período
chegou a atuar na linha Geisel / Epitácio, junto com a RB e a Etur, além
de revezar essa linha via Pedro II, ou seja, existiu uma linha Geisel /
Pedro II operada pelas três empresas citadas (Canaã, RB, Etur). No
mesmo ano, possivelmente, a Marcos da Silva passou a operar a linha Cabo
Branco, atual 507. Também a RB Transportes em 1978, possivelmente
passou a operar no lugar da Róger as linhas do Castelo Branco e Cidade
Universitária. Posteriormente com o surgimento do bairro dos Bancários,
ela também passou a operar nesse bairro. Em 1979, tem-se o registro da
São Judas Tadeu, que sucedeu a Santa Rita nas linhas Tambaú e Torre no
mesmo ano.
1979 – 0923 da Marcos da Silva, modelo Caio Gabriela, operando a linha Cabo Branco / Epitácio |
1979 – RB Transportes |
1979 – 0639 da São Judas Tadeu, 0921 da Marcos da Silva e 04xx da Mandacaruense |
Alguns problemas
As reclamações e insatisfações dos usuários eram constantes na época.
Coisas absurdas e bizarras aconteceram, que é impensável nos dias
atuais, a exemplo de motoristas dirigindo bêbados, todos os motoristas e
cobradores pararem os ônibus ao mesmo tempo pra tomar café-da-manhã,
almoçar e jantar. Mas nenhuma delas superou o problema de superlotação e
na ineficiência do transporte, coisa que existe até hoje.
A Etur exercia uma forte influência nos órgãos que regiam o transporte
na época, mandando e desmandando. Um dos absurdos foi atropelar uma
legislação na época, que garantiam aos estudantes comprarem até 200
tickets por mês, mas a empresa fez com que em João Pessoa o limite fosse
de 60 tickets. E durante um período dos anos 70, a meia-passagem foi
suspensa, ocasionando em grande revolta na época. Alguns ônibus não
tinham a mínima condição de rodar e em certo momento foram apreendidos
pelo secretário de Serviços Urbanos de João Pessoa dezenove ônibus.
Alguns, nem fileira de bancadas tinha, propositalmente retiradas pra
poder carregar mais passageiros.
Ônibus da Etur, Canaã e Mandacaruense |
E para agravar mais ainda a situação, a inflação. O dinheiro se
desvalorizava, as empresas aumentavam as passagens, o salário do
trabalhador cada vez mais apertava. E entre esses trabalhadores, estavam
os motoristas e cobradores. Não deu outra, a greve estourou em 1979.
Movimento grevista em frente a um Marcopolo Veneza II da São Judas Tadeu e Caio Gabriela da Marcos da Silva |
E para encerrar 1979, veio a crise do combustível no país. Algumas
empresas tiveram que racionar o combustível e deixaram parte da frota
nas garagens, causando graves transtornos a população. A partir desse
problema, surgiu um projeto pra implantação dos trólebus em João Pessoa,
projeto esse que nunca se concretizou.
Garagem da Canaã (no bairro do Cristo), com destaque pra o Caio Gabriela à direita na linha Geisel |
Ônibus da Etur estocados na garagem por falta de combustível |
Anos 80
Início da década de 80 – A crise e o eminente colapso
O início dos anos 80 deu continuidade ao que estava acontecendo no fim
dos anos 70: greve, crise do combustível, inflação… até que estourou uma
crise financeira nas empresas, uma vez que o faturamento corroído pela
inflação estava sendo insuficiente para honrar com os gastos, e o plano
de ajuda da EBTU (Empresa Brasileira de Transportes Urbanos) não
veio, deixando o sistema a beira de um colapso. 10 novos ônibus
Mercedes-Benz Monobloco da Etur que foram encomendados, tiveram seus
pedidos cancelados. Algumas empresas como a RB Transportes estava com
dificuldades de quitar as dívidas após comprar 7 novos ônibus. O
financiamento na época pra renovação da frota era algo difícil de se
conseguir.
Em uma das greves de motoristas e cobradores, a violência foi marcante
pelo fato de um dos motoristas grevistas ter sido atingido por um tiro à
queima-roupa efetuado pela sempre covarde polícia militar. Em vão, em
uma das greves, alguns empresários foram até o local da greve para fazer
com que os grevistas retornassem ao trabalho, como a foto ao lado
mostra o empresário João Inocêncio Neto, proprietário da Mandacaruense.
Empresas atuantes na década – O nascimento de uma
gigante que é grande até hoje
gigante que é grande até hoje
A década de 80 começou com 7 empresas atuando no sistema, com cerca de 200 ônibus e cerca de 26 linhas existentes, estavam:
► Etur: Tinha uma frota de quase 100 ônibus e atuava na zona sul da
cidade, Cruz das Armas, Costa e Silva (atual 102), Cidade dos
Funcionários (atual 105), Jardim Veneza (atual 104), Alto do Mateus
(atual 108), Bairro dos Novaes, Rua do Rio (atual 109), José Américo e
Geisel (atual 502), Grotão e Funcionários II, III e IV (após expansão da
cidade, operando as atuais 101 e 114).
Caio Gabriela da Etur em destaque |
► Mandacaruense: Atuava na mesma área atual e no Róger (atual 002).
Marcopolo San Remo I da Mandacaruense |
► RB Transportes (Rui Barro Transportes): Atuava nos Bancários, Castelo Branco e Cidade Universitária.
Marcopolo San Remo I da RB |
► Canaã: Atuava no José Américo, Geisel (atual 202), Ceasa (atual 201) e Cristo (atual 204), todas pelo corredor 2 (Rangel).
2 Caio Gabriela da Canaã |
► Viação São Judas Tadeu: Atuava na linha da Torre (atual 402)
substituindo a Rodoviária Santa Rita como vimos que operou na 402 na
década de 70, e nas linhas de Tambaú (510 e 511).
► Marcos da Silva: Operava no Cabo Branco (507), Altiplano (401),
Jaguaribe (003), João Agripino (509) e na Penha / Via Pedro II.
Caio Bela Vista da Marcos da Silva em destaque |
► Viação Ilha do Bispo: Antiga linha 001, do bairro de mesmo
nome.
nome.
Nos anos 80, após a RB Transportes encerrar suas atividades
possivelmente devido as dificuldades financeiras, surge a Nossa Senhora
das Neves, atuando na mesma área que a RB e herdando o mesmo prefixo
(07xx, hoje com a Transnacional que sucedeu as RB e NSN). Também, após o
nascimento do bairro de Mangabeira, passou a atuar na área.
A São Judas Tadeu adquire a Canaã e herda suas linhas e veículos, se
expandindo mais pela cidade. Já a Etur, aproveitando que atuava dentro
de uma área de expansão em João Pessoa, entra no bairro do Valentina,
após o seu surgimento. Porém, na mesma década, começa a dar sinais de
que sua superioridade na cidade está chegando ao fim, após uma separação
que gerou a Transurb. Curiosamente, ela herdou as linhas “do lado de
lá” da BR-101, com as linhas 104 – Bairro das Indústrias (incorporando a
do Jardim Veneza), 110 – Jardim Planalto, 108 – Alto do Mateus
(incorporando a linha do Bairro dos Novais), e fugindo a regra, a 502 –
Geisel / Epitácio. Em 1987, a Transnacional de Campina Grande adquire a
Nossa Senhora das Neves e abre sua filial em João Pessoa, sendo
atualmente a maior empresa de transporte urbano da Paraíba. Adquirindo a
NSN, a Transnacional herdou o prefixo 07xx vindo dos tempos da RB, e
também herdou muitos dos ônibus pertencentes a frota antiga da Nossa
Senhora das Neves. Um dos mais famosos herdados, foi o Marcopolo San
Remo II (modelo que originou os Torino) com chassi Mercedes-Benz OH-1517
(possivelmente esse modelo de chassi, mas certeza de ser OH). A TN
permaneceu com a pintura da Nossa Senhora das Neves por um tempo,
inserindo apenas o nome:
Marcopolo San Remo II, conhecidos na época como “minhocão”, devido seu longo comprimento. Pintura da Nossa Senhora das Neves, com nome da Transnacional, pouco tempo depois da aquisição |
E a expansão da Transnacional não para por aí… no fim de 1988 ela
adquire a São Judas Tadeu, ampliando sua área de atuação na capital e
sendo uma gigante igual a Etur. Curioso que a TN ficou com 3 padrões de
pinturas diferentes na época:
Identidade visual original da Transnacional, pintura e nome |
Pintura da São Judas Tadeu, nome da Transnacional. Pouco tempo de aquisição |
Pintura da Nossa Senhora das Neves, nome da Transnacional. Detalhe pra o monobloco do meio, já pintado no padrão da TN |
E após a Revolução de Agosto de 1988, surge a Setusa, a primeira e única empresa de ônibus estatal pessoense.
Sistema Estadual de Transporte Urbano S/A – SETUSA |
A Revolução de Agosto de 1988 e a Criação da Setusa
Marcopolo Torino 1983 Mercedes-Benz OF-1115, São Judas Tadeu, sendo apedrejado por manifestante. Agosto de 1988 |
A Revolução de Agosto de 1988 foi um
movimento começado pelos estudantes secundaristas e universitários, em
que a Paraíba e o Brasil os viu irem pra as ruas, enfrentar a polícia
pau-a-pau, levar mais de 30 mil pessoas pra protestar, ssendo o maior
movimento popular que a história da Paraíba teve: foram mais de 30
ônibus quebrados, vários incendiados, numa expressão viva de fúria que
envolveu o povo nos 4 dias de protestos. O resultado foi a vitória. O
Governo do Estado recuou, interviu na Prefeitura, desmoralizou o
prefeito, congelou o preço das passagens e criou a Setusa.
Para verem a matéria sobre essa manifestação, cliquem no link abaixo:
Ônibus recolhidos na garagem da Etur, por prevenção de mais quebra-quebra |
Garagem da Transnacional no dia da manifestação |
Governador Tarcísio Burity, assinando o projeto de lei de encaminhamento pra criação da Setusa. 23 de Agosto de 1988 |
Solenidade de inauguração da Setusa |
A Setusa nos anos 80 não foi um marco apenas de uma estatal nos
transportes por ônibus, passe livre pra estudantes fardados, mas também
pela criação das linhas circulares, facilitando o deslocamento
interbairros. ASetusa operou as linhas:
► 002 – Róger
► 305 – Mangabeira
► 601 – Bessa (com a inauguração do Manaíra Shopping em 1989, passa a assumir o nome do estabelecimento)
► 1001 – Bairro das Indústrias / Mandacaru (com a inauguração do Manaíra Shopping em 1989, inclui o nome do empreendimento)
► 1500 / 2300 / 3200 / 5100 – Circular
Principais problemas dos anos 80
Os problemas nos anos 80 foram os mesmos dos anos 70… ônibus com
superlotação, motoristas e cobradores ignorantes com passageiros,
atrasos constantes, aumentos absurdos das passagens, ônibus quebrado e
greves. Olhando esses problemas, percebemos que até nos anos atuais, a
população usuária dos ônibus continuam com esses problemas, com exceção
das greves, que pelo visto, não há meios pra isso. A falta de
planejamento estrutural mediante o crescimento da cidade somado a
inflação, foram os fatores relevantes para a permanência desses
problemas. Quando a inflação estava baixa, ou quando o governo conseguia
fazer algum plano econômico mirabolante pra o dinheiro do trabalhador
render, a população nos fins-de-semana ou nas férias procurava o lazer
mais democrático: a praia. E os ônibus pra a orla marítima eram
insuficientes para atender a demanda.
Passageiros embarcando no 0915 da Marcos da Silva na 507 – Cabo Branco na década de 80: missão complicada |
Um fator positivo que surgiu nessa década foi a criação dos códigos das
linhas existentes, sendo o primeiro dígito identificando o corredor pelo
qual a linha trafega. Exemplo: 109 – Rua do Rio (transita no corredor 1
– Cruz das Armas); 507 – Cabo Branco (transita no corredor 5 – Epitácio
Pessoa). Para as linhas circulares, que possuem 4 dígitos, o segundo
dígito corresponde ao segundo corredor que a linha trafega. O outro
fator positivo, é que a Lagoa passou a ser ponto de parada.
No fim dos anos 80…
Atuavam as empresas: Transnacional, Etur, Setusa, Marcos da Silva, Mandacaruense e Transurb.
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