Gastronomia junina: como o milho e a história moldaram os sabores da festa
Bandeirinhas coloridas, fogueira, balão, roupas de chita e chapéu de palha são alguns dos elementos que vêm à mente quando o assunto é festa junina. Porém, o que realmente cai no gosto popular é a gastronomia da festa, marcada por alimentos diversos que agradam a todos os paladares — até mesmo aqueles que não são tão chegados a esse tipo de comemoração.
Estudos apontam que a diversidade gastronômica da festa junina se deve às fortes influências indígenas, africanas e europeias. Tudo teve início com a chegada dos portugueses ao Brasil, no século XVI, que trouxeram celebrações pagãs relacionadas à época da colheita, marcada pelo mês de junho. Com o tempo, essas festas passaram a receber influências do catolicismo e foram adaptadas para celebrar três grandes santos populares: Santo Antônio, São João e São Pedro.
No Brasil, a festa encontrou um solo fértil e culturalmente diverso. Ao longo dos anos, foi se adaptando às diferentes regiões do país e, hoje, se consolida como uma das maiores celebrações da nossa cultura popular. Com tantas misturas de tradições, é claro que a gastronomia também não ficou de fora.
Por que o milho é o ingrediente principal da festa?
Milho
(Foto: Divulgação/Secom-JP)
O milho se destaca como protagonista da festa junina por uma série de fatores. O principal deles é o fato de que a colheita ocorre no mês de junho, o que favorece sua comercialização e seu uso em diversas receitas.
No entanto, a história do milho é muito anterior à chegada dos colonizadores. Estudos arqueológicos apontam que o alimento já era cultivado e consumido na América Central e do Sul há pelo menos 7 mil anos, evidenciando suas fortes raízes na cultura popular, que celebra o campo e a colheita.
Além disso, sua versatilidade culinária permite que o milho seja utilizado em diversos pratos, doces ou salgados, agradando aos mais variados paladares.
Conheça a origem de alguns alimentos juninos
Canjica nordestina
Imagem: iStock
Também conhecido como curau, esse prato doce tem origem indígena com influência europeia. Pesquisas indicam que o alimento é baseado em um pudim que foi trazido pelo portugueses com uma bebida de milho consumida pelo tupis.Sua base é feita de creme de milho verde, leite, açúcar e canela em pó.
Munguzá
Imagem: Reprodução
Esse alimento, que também é chamado de canjica em algumas regiões do país, tem raízes africanas. Por ser um prato simples, historiadores apontam que ele era típico do consumo dos escravizados nas senzalas. Além disso, o próprio nome vem da língua africana quimbundo — mu’kunza — que significa “milho cozido”.
Esse prato é feito com milho branco cozido com leite e açúcar.
Pamonha
Imagem: Reprodução
Podendo ser consumida na versão doce e salgada, a pamonha se consolida como um prato de origem indígena, assim como seu próprio nome, que vem da língua tupi — pa’muña — que significa “pegajoso”. O alimento é feito à base de milho verde e leite de coco, caracterizado por ser cozido e envolto na palha do próprio milho.
Paçoca
Outro prato com origem indígena, a paçoca é um doce tipicamente brasileiro. A palavra vem do tupi-guarani — pa-soka ou pasok— que significa “esmagar com as mãos”. O prato era feito à base de farinha de mandioca, que era esmagada para ser misturada com outros alimentos.
Com a chegada do amendoim, trazido pelos portugueses, o prato foi adaptado e misturado também com o açúcar, formando o doce que conhecemos.
Cocada
A cocada é um doce de origem africana, adaptado no Brasil colonial. Ele teria surgido entre os escravos, que utilizavam o coco e o açúcar, que era produzido nos engenhos coloniais.
Comentários
Postar um comentário