Introdução à morfologia - Classes gramaticais (1)

 NUMERAL 

Numeral é a palavra que indica quantidade exata de seres ou o lugar que os mesmos ocupam numa série. 


O numeral pode ser:


1.Cardinal: indica quantidade exata de seres: 


Ex.: cinco milhões de cartas. 


2.Ordinal: indica a ordem dos seres numa determinada série:


Ex.: O Brasil foi o segundo país do mundo a emitir um selo. 


3.Multiplicativo: indica o aumento proporcional da quantidade, podendo ter valor de adjetivo ou de substantivo:


Ex.:  o dobro ; o triplo  → valor de substantivo


        dose dupla; dose tripla → valor de adjetivo 

4- Fracionário: indica a diminuição proporcional da quantidade:


Ex.: meio – metade – um terço – um quarto  


Podem ser considerados numerais:


as palavras que designam um conjunto exato de seres: par, novena, dezena, década, dúzia, centena, grosa, milheiro etc.

Obs.: Tais palavras são chamadas de numerais coletivos e têm valor de substantivo.


o zero : o zero quilômetro.

As palavras ambos e ambas.

 

Quadro dos Principais Numerais 


Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários

um

dois


três


quatro


cinco


seis


sete


oito


nove


dez


onze


doze


treze


quatorze


vinte


trinta


quarenta


cinquenta


sessenta


setenta


oitenta


noventa


cem


duzentos


trezentos


quatrocentos


quinhentos


seiscentos


setecentos


oitocentos


novecentos


mil


primeiro

segundo


terceiro


quarto


quinto


sexto


sétimo


oitavo


nono


décimo


décimo primeiro


décimo segundo


décimo terceiro


décimo quarto


vigésimo


trigésimo


quadragésimo


quinquagésimo


sexagésimo


septuagésimo ou setuagésimo


octogésimo


nonagésimo


centésimo


ducentésimo


trecentésimo ou tricentésimo


quadringentésimo


quingentésimo


sexcentésimo ou seiscentésimo


septingentésimo ou setingentésimo


octingentésimo


nongentésimo ou noningentésimo


milésimo


(simples)

dobro,duplo


triplo,tríplice


quádruplo


quíntuplo


sêxtuplo


sétuplo


óctuplo


nônuplo


décuplo


undécuplo


duodécuplo


-


-


-


-


-


-


-


-


-


-


cêntuplo


-


-


-


-


-


-


-


-


-


-


-

meio ou metade


terço


quarto


quinto


sexto


sétimo


oitavo


nono


décimo


onze avos


doze avos


treze avos


quatorze avos


vinte avos


trinta avos


quarenta avos


cinquenta avos


sessenta avos


setenta avos


oitenta avos


noventa avos


centésimo


ducentésimo


trecentésimo


quadringentésimo


quingentésimo


sexcentésimo


septingentésimo


octingentésimo


nongentésimo


milésimo


Observações:


1ª. Apresentam mais de uma forma os seguintes numerais: catorze e quatorze, trilhão e trilião, bilhão e bilião, septuagésimo e setuagésimo, trecentésimo e tricentésimo, seiscentésimo e sexcentésimo, septingentésimo e setingentésimo, nongentésimo e noningentésimo.


2ª. O numeral cinquenta apresenta forma única, embora seja muito usada em cheques a forma cincoenta. 


Emprego dos Numerais 

Emprega-se o ordinal até décimo e daí por diante o cardinal, sempre que o numeral vier depois de substantivo na designação de papas e soberanos, séculos e partes em que se divide uma obra:

           Exemplos: Dom Pedro I (segundo), João Paulo II (segundo), Século IX (nono), Henrique VIII (oitavo),


                             Luís XV (quinze), Bento XVI (dezesseis), João XXIII (vinte e três), século XXI (vinte e um)


           OBS.: Emprega-se sempre o ordinal quando o numeral antecede o substantivo:


           Exemplos: oitavo século, décimo nono capítulo. 

Emprega-se o ordinal até nove e o cardinal de dez em diante, na linguagem jurídica:

Exemplos: artigo 9.º(nono), decreto 12 (doze), lei 75 (setenta e cinco) 

Emprega-se o cardinal na numeração de páginas, folhas de um livro, casas, apartamentos, cabines de navio e equivalentes.

           Exemplos: página 12, folha 54, apartamento 205, quarto 15, cabine 10. 

Observação: Emprega-se o ordinal quando o numeral antecede o substantivo:


Exemplos: quinta página, décima folha, vigésima segunda casa. 


PRONOME 

Pronome é a palavra que substitui ou determina o nome. 


De acordo com as funções, o pronome pode ser pronome substantivo ou pronome adjetivo. 

a.Pronome substantivo: substitui o substantivo


b.Pronome adjetivo: acompanha o substantivo, determinando-o.


   Compare as frases:


   Filho dá trabalho. (O substantivo filho não está determinado.)


   Seu filho saía de seu ventre. (O pronome seu determina o substantivo filho.) 


Outros exemplos:


__ Adeus, meu cajueiro. Até a volta.


Ele não diz nada e eu me vou embora. (H. Campos) 


O pronome meu acompanha o substantivo, determinando o significado de cajueiro. È um pronome adjetivo.


O pronome ele substitui o substantivo cajueiro. É um pronome substantivo. 

O pronome faz referência às pessoas gramaticais. As pessoas gramaticais são: 

1.ª pessoa – locutor (quem fala): eu/ nós


2.ª pessoa – locutário (com quem se fala): tu/vós, você/vocês


3.ª pessoa – assunto (de quem se fala):           


                    ele(s)/ela(s). 


Classificação dos pronomes 


      Os pronomes classificam-se em pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos. 


1. Pronomes pessoais  


Substituem as três pessoas gramaticais. Portanto, são sempre pronomes substantivos, enquanto os demais podem ser pronomes substantivos ou adjetivos.

                                     1.ª pessoa – Eu empobreço de repente. 

Singular                         2.ª pessoa – Tu  enriqueces por minha causa. 

                                        3.ª pessoa – Ele visita o sertão. 

 

                                     1.ª pessoa – Nós entramos em concordata. 

Plural                            2.ª pessoa – Vós protestais por preferência. 

                                        3.ª pessoa – Eles caminham pelas ruas. 


PRONOMES PESSOAIS 


   

Retos Oblíquos

Átonos Tônicos

 

Singular 1.ª pessoa

2.ª pessoa


3.ª pessoa


eu

tu


ele,ela


me

te


se,lhe,o,a


mim, comigo

ti, contigo


si, consigo, ele, ela


 

Plural 1.ª pessoa

2.ª pessoa


3.ª pessoa


nós

vós


eles,elas


nos

vos


se,lhes,os,as


nós, convosco

vós, convosco


si, consigo, eles, elas

Eu e tu são sempre retos. Os demais podem ser retos ou oblíquos.


 

PRONOMES DE TRATAMENTO 


         Pronome Abreviatura Emprego

singular plural

você v. tratamento familiar

Vossa Alteza V.A. VV.AA. príncipes, duques

Vossa Eminência V. Em.ª V. Em.ªs cardeais

Vossa Excelência V.Ex.ª V. Ex.ªs altas autoridades e oficiais-generais

Vossa Magnificência V.Mag.ª V. Mag.ªs reitores de universidades

Vossa Majestade V. M. VV.MM. reis, imperadores

Vossa Meritíssima usado por extenso juízes de direito

Vossa Reverendíssima V. Rev.mª V. Rev.mªs sacerdotes

Vossa Senhoria V. S.ª V. S.ªs funcionários graduados, linguagem comercial

Vossa Santidade V. S. - Papa

São também pronomes de tratamento: senhor, senhora, senhorita, dona, madame.

 

Emprego dos pronomes pessoais 


1.Os pronomes pessoais do caso reto (eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas) devem ser empregados na função sintática de sujeito. Considera-se errado seu emprego como complemento.


Ex.: Convidaram ele para a festa. (errado)


        Receberam nós com atenção. (errado)


       Eu cheguei atrasado. (certo)


        Ele compareceu à festa. (certo) 


2. Na função de complemento, usam-se os pronomes oblíquos e não os pronomes retos.


Ex.: Convidei ele. (errado)       Convidei-o. (certo)


        Chamaram nós. (errado)    Chamaram-nos. (certo) 

3.Os pronomes retos (exceto eu e tu), quando antecipados de preposição, passam a funcionar como oblíquos. Neste caso, considera-se correto seu emprego como complemento - ou seja, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, adjunto adverbial ou agente da passiva.


Ex.: Informaram a ele os reais motivos.


        Emprestaram a nós os livros.


        Eles gostam muito de nós. 


4. As formas retas eu e tu só podem funcionar como sujeito. Considera-se errado seu emprego como complemento.


Ex.: Nunca houve desentendimentos entre eu e tu. (errado)


        Nunca houve desentendimentos entre mim e ti. (certo) 

Como regra prática, podemos propor o seguinte: quando precedidas de preposição, não se usam as formas retas eu e tu, mas as formas mim e ti. 

Ex.: Ninguém irá sem eu. (errado)   Ninguém irá sem mim. (certo)


        Nunca houve discussões entre eu e tu. (errado)


        Nunca houve discussões entre mim e ti. (certo)


Há, no entanto, um caso em que se empregam as formas eu e tu mesmo precedidas por preposição: quando essas formas funcionam como sujeito de um verbo no infinitivo.


Exemplos:


Deram o livro para eu ler.


Deram o livro para tu leres. 


Verifique que, neste caso, o emprego das formas retas eu e tu é obrigatório, na medida em que tais pronomes exercem a função sintática de sujeito. 


5. Os pronomes oblíquos se, si, consigo devem ser empregados somente como reflexivos. Considera-se errada qualquer outra construção.


Exemplos:


Querida, gosto muito de si. (errado)          Querida, gosto muito de você. (certo)


Preciso muito falar consigo. (errado)         Preciso muito falar com você. (certo) 


Observe que nos exemplos que seguem não há erro algum, pois os pronomes se, si, consigo foram empregados como reflexivos. 

Exemplos:


Ele feriu-se.


Cada um faça por si mesmo a redação.


O professor trouxe as provas consigo. 

Também podem ser reflexivos me, te, nos e vos.

Nos, vos e se também podem ser recíprocos.


6. Os pronomes oblíquos conosco e convosco, quando acompanhados de mesmos, próprios, todos, um numeral ou oração subordinada adjetiva, devem ser substituídos por com nós e com vós.


Exemplos:


Queria falar conosco.  → Queria falar com nós dois.


Queriam conversar convosco. →Queriam conversar com vós próprios. 

7. Os pronomes oblíquos podem aparecer combinados entre si. As combinações possíveis são as seguintes:


me + o = mo                me + os = mos


te + o = to                    te + os = tos


lhe + o = lho                lhe + os = lhos


nos + o = no-lo            nos + os = no-los


vos + o = vo-lo            vos + os = vo-los


lhes + o = lho              lhes + os = lhos 


A combinação também é possível com os pronomes oblíquos femininos a, as:


me + a = ma             me + as = mas


te + a = ta                 te + as = tas 


__Você pagou o livro ao livreiro?


__ Sim, paguei-lho. 

Verifique que a forma combinada lho resulta da fusão de lhe (que representa o livreiro) com o (que representa o livro). 

Essas construções são frequentes em Portugal e raras no Brasil.

8. As formas oblíquas o, a, os as são sempre empregadas como complemento de verbos transitivos diretos, ao passo que as formas lhe, lhes são empregadas como complemento de verbos transitivos indiretos.


Exemplos:


O menino convidou-a. (V.T.D.)


O filho obedece-lhe. (V.T.I.) 


Consideram-se erradas construções em que o pronome o (e flexões) aparece como complemento de verbos transitivos indiretos, assim como as construções em que o pronome lhe (lhes) aparece como complemento de verbos transitivos diretos.


Exemplos:


Eu lhe vi ontem. (errado)           Eu o vi ontem. (certo)


Nunca o obedeci. (errado)          Nunca lhe obedeci. (certo) 


9. Há pouquíssimos casos em que o pronome oblíquo pode funcionar como sujeito. Isso ocorre com os verbos causativos e sensitivos: deixar, mandar, fazer, ver, ouvir e sentir - seguidos de infinitivo; o pronome oblíquo será sujeito desse infinitivo. 


Exemplos:


Deixei-o sair.


Vi-o chegar.


“Sofia deixou-se estar à janela.” (Machado de Assis) 


É fácil perceber a função de sujeito dos pronomes oblíquos, desenvolvendo as orações reduzidas de infinitivo.


Ex.: Deixei-o sair.  → Deixei que ele saísse.

Causativos são os verbos que expressam ação que leva a uma consequência.

Sensitivos são os verbos que indicam a presença de um dos sentidos.


10. Não se considera errada a repetição de pronomes oblíquos.


Exemplos:


A mim, ninguém me engana.


“A ti tocou-te a máquina mercante.” (Gregório de Matos) 

Nesses casos, a repetição do pronome oblíquo não constitui pleonasmo vicioso, e sim ênfase. 


11. Muitas vezes os pronomes oblíquos equivalem a pronomes possessivos, exercendo função sintática de adjunto adnominal.


Exemplos:


Roubaram-me o livro.  → Roubaram meu livro.


Não escutei-lhe os conselhos. → Não escutei os seus conselhos. 

12. As formas plurais nós e vós podem ser empregadas para representar uma única pessoa (singular), adquirindo valor cerimonioso ou de modéstia. Exemplos: 


Nós __ disse o prefeito __ procuramos resolver o problema das enchentes. (plural de modéstia)


Vós sois minha salvação, meu Deus! (plural majestático) 


13. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de vossa, quando nos dirigimos à pessoa representada pelo pronome, e por sua, quando falamos dessa pessoa.


Exemplos:


Ao encontrar o governador, perguntou-lhe:


__ Vossa Excelência já aprovou os projetos?


Sua Excelência, o governador, deverá estar presente na inauguração. 

Verifique que no primeiro caso empregou-se Vossa Excelência, porque o interlocutor falava diretamente com o governador. Já no segundo caso, empregou-se Sua Excelência, pois se falava do governador. 

14. Você e os demais pronomes de tratamento ( Vossa Majestade, Vossa Alteza, etc), embora se refiram à pessoa com quem falamos (2.ª pessoa, portanto), do ponto de vista gramatical, comportam-se como pronomes de terceira pessoa.


Exemplos:


Você trouxe seus documentos?


Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus problemas. 


Pronomes reflexivos e recíprocos 


Os pronomes me, te, se, si, consigo, nos e vos são considerados reflexivos quando indicam que o sujeito e o objeto são a mesma pessoa ou coisa:


Exemplos:


Ela canta, pobre ceifeira,


Julgando-se feliz talvez. (F. Pessoa)


se: pronome reflexivo  (Ela → se) 


Eles sempre brigam entre si. 


si:pronome reflexivo ( Eles → si) 


Nunca! Ela jurou a si mesma. ( M. Assis)


si: pronome reflexivo (Ela → si) 


Os pronomes nos, vos, e se são considerados recíprocos quando indicam que a ação expressa pelo verbo é mútua, isto é, realiza-se entre dois ou mais indivíduos.


Exemplos:


Noivo e noiva beijaram-se. (se: pronome recíproco)


Sandra e Isabel cumprimentavam-se efusivamente. (se: pronome recíproco) 

A reciprocidade pode ser indicada ou reforçada pelo contexto. Exemplos: 

Todos se entreolharam, exceto Quaresma. (L. Barreto)


Fitaram-se, um buscando na face do outro um perdão que dispensava palavras... (O. Lins)


A fera e o selvagem mediram-se mutuamente, com os olhos nos olhos um do outro.(J. Alencar) 

Se, si e consigo são sempre reflexivos. Os demais podem ser simples pronomes átonos.


2- Pronomes possessivos 


Referem – se às pessoas gramaticais, atribuindo – lhes a posse de algo:


     Ex.: Oh! minha amada.


             Que olhos os teus ... (V. Morais) 

 


Os possessivos indicam aquilo que pertence a cada uma das pessoas gramaticais. Há uma relação de posse e pertinência:


1ª pessoa do singular: meu, minha, meus, minhas


2ª pessoa do singular: teu, tua, teus, tuas


3ª pessoa do singular: seu, sua, seus, suas


1ª pessoa do plural: nosso, nossa, nossos, nossas


2ª pessoa do plural: vosso, vossa, vossos, vossas


3ª pessoa do plural: seu, sua, seus, suas 


Emprego dos pronomes possessivos


1. Esses pronomes nem sempre expressam relação de posse. Podem ter outros empregos, como:


a. indicar afetividade, respeito:


    Meu caro amigo, não vá embora.


    Minha senhora, seja breve, por favor.

b. indicar cálculo aproximado:


    Ela já deve ter seus quarenta anos.


c. atribuir valor indefinido ao substantivo:


Ela tem lá suas manias, mas não molesta ninguém. 


d. identificar uma ação habitual:


Uma viúva ... botou a mão no peito e antes de dar seu costumeiro chilique falou ... ( J.C. Carvalho) 


2. Os possessivos seu, sua, seus, suas podem referir-se não só à 3ª pessoa gramatical como também à 2ª pessoa. Por isso, seu emprego pode gerar ambigüidade:


    __ Eles disseram que sua casa é confortável, Mário. (Sua pode referir-se à casa deles – 3ª pessoa  – ou  a casa do ouvinte, Mário – 2ª pessoa.) 


Pode-se desfazer essa ambigüidade assim:


a. Eles disseram que a casa deles é confortável, Mário. ( O pronome deles substitui sua, referindo-se à 3ª pessoa.) 


b. Eles disseram que tua casa é confortável, Mário. ( O pronome tua refere-se à 2ª pessoa, o ouvinte.) 


3. A forma seu não é um possessivo quando resultar de alteração fonética da palavra senhor, antes de um nome de pessoa:


 Seu Antônio já está no trabalho.


Essa mesma redução pode ser utilizada como ofensa, antes de adjetivo:


  Você não sabe o que sente, seu imbecil.


4. Quando se usa um pronome de tratamento, o possessivo deve ficar na 3ª pessoa:


   ___Vossa Excelência já saiu para visitar a sua cidade?


5. Pode-se realçar a ideia expressa pelo possessivo com as palavras próprio e mesmo:


Contava apenas com sua própria firmeza.


3- Pronomes demonstrativos 


       São pronomes que situam o ser no espaço e no tempo, tomando como ponto de referência as três pessoas gramaticais. 


PRONOMES DEMONSTRATIVOS 


Variáveis Invariáveis

este,esta,estes,estas

esse,essa,esses,essas


aquele,aquela,aqueles,aquelas


isto

isso


aquilo


 

 

 

 

 

 

       Parte superior do formulário


Parte inferior do formulário


       Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a posição de certa palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode-se dar em termos de espaço, tempo ou discurso. Vamos abordar aqui as situações em que o uso de demonstrativos é produtivo ou problemático para o falante, recomendando o uso dominante entre os falantes cultos.  


       1. Este, esse, aquele e suas flexões


 

São utilizados para localizar os nomes no tempo, no espaço e no próprio texto:


No espaço:

 

 

Vale para o uso dos demonstrativos a relação com as pessoas do discurso: este para próximo de quem fala (eu); esse para próximo de quem ouve (tu); aquele para distante dos dois (ele).


 

 

Exemplos: 

 

a)Este documento que eu estou entregando apresenta a síntese do projeto. 

b)Se tu não estás utilizando essa régua, podes me emprestar por alguns minutos? 

c)Vês aquele relatório sobre a mesa do Dr. Silva? É o documento a que me referi.  

 Em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los pode causar ambigüidade.


Exemplos: 

 

a)Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar informações sobre o vestibular. (trata-se da universidade destinatária)


 

b)Reafirmamos a disposição desta universidade em participar no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que envia a mensagem).


 


No tempo:

 

Este e suas flexões referem-se ao tempo presente ou futuro.


 

Exemplos: 

 

a)Nestas próximas semanas, estarão ocorrendo as inscrições para o concurso vestibular.


b)No final desta semana, o Diretor de nossa Unidade irá a São Paulo.


c)Este ano de 2002 está sendo marcado pela violência no Oriente Médio.


 

Esse e suas flexões referem-se a tempo passado próximo.


 

Exemplo: 

 

Ninguém esquecerá os acontecimentos desse trágico 21 de setembro. 

 

  


Aquele e suas flexões referem-se a um passado mais distante.


Exemplo: 

 

a)Falávamos daquele período em que as mulheres obtiveram o direito ao voto.  

 

b) Evidentemente, não há limites precisos para o uso de esse e aquele, sendo a última palavra sempre determinada pela adequação ao contexto.


No discurso: 

   

Quando bem utilizados, os demonstrativos são eficientes elementos de coesão entre o que se está falando e o que já se disse ou irá dizer adiante. Deve-se utilizar este e suas flexões em dois casos: para apresentar o que se vai dizer ou para remeter a algo recém dito, quando esse já-dito comportar mais de uma retomada.


Exemplos: 

 

a)Nosso povo sofre com muitos problemas, dentre os quais estes: miséria, fome e ignorância. 

b)Admiração, respeito, amizade? Talvez, pensava ela, este (último) seja o mais importante e perene dos sentimentos.


c)Outra situação importante ocorre quando queremos retomar por demonstrativos mais de um elemento já mencionado. Quando há quatro ou mais termos a serem retomados, usam-se numerais: o primeiro, o segundo, o terceiro, etc.


 

Exemplo: 

 

O velho, o índio e o negro são discriminados por motivos diversos: aquele, por ser improdutivo para a sociedade de consumo; esse, por ser considerado atrasado e preguiçoso; este, por não se ter libertado, ainda, do estigma da escravidão.


Quando se quer retomar apenas dois elementos, elimina-se a forma intermediária esse.


 

 

Exemplo: 

 

As crianças da classe média têm um futuro mais promissor do que os filhos de pais das classes menos favorecidas, porque àquelas se dão oportunidades que se negam a estes. 

 

    Veja a ilustração para esses dois últimos casos:


 

 

1. Emprego de este, esse e aquele em relação a três termos


 

 

 

Este: indica o que se referiu por último.  

Esse: se refere ao penúltimo.  

Aquele: indica o que se mencionou em primeiro lugar.  

 


2. Emprego de este e aquele em relação a dois termos citados anteriormente


 

 

 

Este: indica o que se referiu por último. 

Aquele: indica o que se referiu em primeiro lugar.


 

Emprego dos pronomes demonstrativos


 

Algumas considerações devem ser feitas sobre o emprego dos pronomes demonstrativos em termos das sinalizações que eles fazem sobre espaço, tempo e as pessoas do discurso.


 

Este (e suas flexões de gênero e número) e isto indicam proximidade espacial com relação à primeira pessoa do discurso: este indica tempo presente, também com relação à primeira pessoa.


 

Exemplos:


Estas flores são maravilhosas.


Isto está com cheiro de mofo.


Nesta tarde, às cinco horas, haverá um chá beneficente.


 

Esse (e suas flexões ) e isso indicam proximidade espacial com relação à segunda pessoa do discurso: esse indica tempo passado ou tempo futuro pouco distantes com relação á época em que é feita a interlocução.


 

Ex.: Por favor, me passe esse caderno que está aí perto de você, na mesa.


        O que é isso aí do lado da geladeira?


        Vamos visitar a bienal no próximo domingo. Sei que esse dia será muito especial.


 

Aquele (e suas flexões) e aquilo indicam distanciamento espacial com relação à primeira e à segunda pessoa do discurso: aquele indica passado vago ou muito remoto.


Ex.: Aquelas árvores no alto daquela colina são pinheiros.


       Você sabe o que é aquilo brilhando lá no céu?


        Naquele tempo, acreditava-se mais na palavra das pessoas.


 

Costuma-se também usar este e aquele, nos textos para fazer referência a elementos mais próximos (este) em contraposição a elementos mais distantes (aquele):


 

Ex.: “Os homens e as mulheres jamais se entenderão: estas os acusam de machistas; aqueles não aceitam sua postura feminista.”


 

Devemos empregar este (e variações) quando queremos fazer referência a alguma coisa que ainda vai ser falada.


Ex.: Espero sinceramente isto: que se procedam as reformas.


 

Devemos empregar esse (e variações) quando queremos fazer referência a alguma coisa que já foi dita.


Ex.: Que as reformas sejam efetuadas rapidamente; é isso o que mais desejo.


4. Pronomes indefinidos


 

Ex.: a mãe não dizia nada a ninguém


Os pronomes indefinidos referem-se à 3ª pessoa gramatical de modo vago, indeterminado:


 

Ex.: a mãe não dizia nada a ninguém


 

PRONOMES INDEFINIDOS


 

Variáveis Invariáveis

 

algum,alguma,alguns,algumas

nenhum,nenhuma,nenhuns,nenhumas


todo,toda,todos,todas


outro,outra,outros,outras


muito,muita,muitos,muitas


pouco,pouca,poucos,poucas


certo,certa,certos,certas


vário,vária,vários,várias


tanto,tanta,tantos,tantas


quanto,quanta,quantos,quantas


qualquer,quaisquer,bastante,bastantes


alguém

ninguém


tudo


outrem


nada


cada


algo


quem


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5.Pronomes interrogativos


 

São os pronomes que, quem, qual e quanto usados em frases interrogativas:


__ Quem é o senhor?


Vamos ver se me reconhece... (E. Veríssimo)


Os motoristas interpelaram-se aos gritos:


__ quantos quilos você trouxe/ (C.D. Andrade


São os  pronomes indefinidos que, quem, qual e quanto empregados na formulação de perguntas. A pergunta pode ser:


 

a. direta - começa com palavra interrogativa e termina por ponto de interrogação:


    __ Que renda? Que declaração? Recebi, gastei, estou sem nenhum. (C. D. Andrade)


 

    __ Quais são as concepções deles sobre como se forma um criminoso? (Senhor)


 

    __ Não fiquei sabendo e até hoje me pergunto: quem seria ela? (F. Sabino)


 

b. indireta - começa com verbos próprios para interrogar e termina com ponto final:


    Quando perguntei quem ele era, papai me disse que não tinha a menor ideia.


    Anteontem perguntou-me qual deles levaria. (M. Assis)


 

6. Pronomes relativos


 

Representam nomes já referidos anteriormente, com os quais se relacionam.


Ex.: ... seu filho, que ainda não havia nascido., saía de seu ventre ...


( O pronome que representa o substantivo filho).


 

 

Referem-se a termos já expressos e, ao mesmo tempo, introduzem uma oração dependente. Exemplo:


 

Essa é a pessoa que eu amo.   que →  pronome relativo      


                                                que eu amo → oração dependente


                                                 que → pessoa


 

Obs.: O pronome relativo que se refere à palavra pessoa e introduz uma oração dependente dessa palavra.


 

PRONOMES RELATIVOS


 

Variáveis Invariáveis

 

o qual, a qual, os quais, as quais

cujo,cuja, cujos, cujas


quanto, quanta, quantos, quantas


que

quem


onde


 

 

 

 

 

 

 

Emprego dos pronomes relativos


 

I. Com antecedente expresso


 

1. Que é o relativo mais usado, chamado de relativo universal. Pode referir-se a pessoa ou coisa.


Exemplos:


Os jovens que não viveram essa época querem conhecê-la melhor.


Há uma pedra preciosa que faz enorme sucesso no Japão: a opala-nobre, encontrada em D. Pedro II, no Piauí.


 

O antecedente do relativo pode ser o pronome demonstrativo o (a, os, as):


Exemplos:


Olha o que aconteceu com os Grandes Impérios. (M. Quintana)


Eu não sabia ao certo o que é uma casa. ( C.D. Andrade)


 

2. Quando seu antecedente for um substantivo, o relativo que pode ser substituído por o qual, a qual, os quais, as quais:


Exemplos:


Há quem procure a origem do Carnaval nas saturnálias, festas nas quais os romanos celebravam a volta da primavera. (Visão)


 

A sociedade no seio da qual me eduquei, fez de mim um homem a sua feição... (J.Alencar)


 

3. Quem utiliza-se apenas para pessoa ou coisa personificada:


Exemplos:


... não duvidou recolhe à Casa Verde a própria mulher, a quem amava com todas as forças da alma. (M. Assis)


 

Obs.: Esse pronome vem sempre precedido de preposição.


 

Não sei de quem falava.


 

4. Cujo equivale a do qual, de quem, de que. Portanto, tem valor possessivo. É empregado apenas como pronome adjetivo, enquanto os demais são pronomes substantivos:


Exemplo:


Gosto muito desse compositor cujas músicas não sei de cor.  (compositor → possuidor; músicas → coisa possuída)


 

Obs.: O pronome cujo concorda em gênero e número com a coisa possuída:


 

Exemplos:


O suor descia da cabeça, cujos cabelos lisos e negros estavam duros ... (B. Elis)


 

... velha vila cujas ruas passeiam assombrações. (Visão)


 

Como se pode observar pelos exemplos, jamais se usa o artigo depois do pronome relativo cujo.


 

5. Quanto sempre tem por antecedentes os pronomes indefinidos tudo, todo, tanto:


Exemplos:


 

Brasileiro é bom, é amigo da paz, é tudo quanto quiserem: mas bobo não. (A. Machado)


 

Tudo quanto sonhei tenho perdido... (F. pessoa)


 

6. Onde


Exemplo:


Não tenho terra onde plantar um cajueiro... (R. Braga)


 

Esse pronome pode aparecer precedido de preposição, aglutinando-se com duas delas: a e de:


O lugar aonde vais é tenebroso.


O major levantou-se, agarrou o castiçal e foi à dependência da casa donde partia o ruído ... (L. Barreto)


 

7. São utilizadas também como pronomes relativos as palavras:


a. como ( = pelo qual) - antes das palavras modo, maneira, forma e jeito


 

Ex.: Gosto da maneira como aqueles atores se portam.


 

b. quando ( = em que) - antes de uma palavra que indica tempo


 

Ex.: Maldita a hora quando te reconheci.


 

II. Sem antecedente expresso


 

Alguns relativos podem aparecer sem antecedente:


 

1. que


Ex.: em que sarau todo mundo tem que fazer. (J. M. Macedo)


 

2. quanto


Ex.:Nada a acrescentar me resta


      A quanto já se acha escrito. (C. Meireles)


 

3. quem


 

Ex.: Quem não presta fica vivo.


        Quem é bom, mandam matar.


 

4. onde


Ex.: Vives onde não queres.


 

Obs.: Nesse caso, os pronomes quem e onde são chamados de relativos indefinidos.


 

COLOCAÇÃO PRONOMINAL


 

      Os pronomes oblíquos átonos (o, a, os, as, lhe, lhes, me, te, se, nos, vos) costumam apresentar problemas de colocação , uma vez que podem ocupar três posições:


 

1. antes do verbo (próclise ou pronome proclítico):


Ex.: Nunca me revelaram os verdadeiros motivos.


 

2. no meio do verbo (mesóclise ou pronome mesoclítico):


Ex.: Revelar-me-iam os verdadeiros motivos.


 

3. depois do verbo (ênclise ou pronome enclítico):


Ex.: Revelaram-me os verdadeiros motivos.


 

4. com o verbo no infinitivo impessoal:


Ex.: Era necessário ajudar-te.


 

 

 

Observações:

Se o infinitivo impessoal vier precedido de palavra negativa, é indiferente o uso da ênclise ou próclise.

 

Ex.: Era necessário não te ajudar.


        Era necessário não ajudar-te.


Se o infinitivo impessoal vier precedido de preposição, é indiferente o uso da ênclise ou da próclise.

 

Ex.: Estou apto a te ajudar.


       Estou apto a ajudar-te.


Com o infinitivo pessoal precedido de preposição ocorre próclise. 

 

Ex.: Foram censuradas por se comportarem mal.


 

Colocação dos pronomes nas locuções verbais


 

a) Locução verbal com verbo principal no particípio


 

        Nas locuções verbais cujo verbo principal é um particípio, o pronome deve ficar depois do verbo auxiliar. Se houver palavra atrativa, deverá ficar antes do verbo auxiliar.


 

Ex.: Havia-lhe contado a verdade.


        Não lhe havia contado a verdade.


 

 

Observação:

Se o auxiliar estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito, ocorrerá a mesóclise, desde que não haja atração.


 

Ex.: Ter-me-iam falado a verdade, se a soubessem.


 

Veja que é sempre errada a colocação do pronome depois de um particípio.


 

b) Locução verbal com verbo principal no infinitivo ou no gerúndio


 

        Se não houver palavra atrativa, coloca-se o pronome oblíquo depois do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.


 

Ex.: Quero-lhe dizer a verdade.  ou   Quero dizer-lhe a verdade.


        Ia-lhe dizendo a verdade.  ou   Ia dizendo-lhe a verdade.


 

Caso haja palavra atrativa, coloca-se o pronome antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.


 

Ex.: Não lhe quero dizer a verdade.  ou Não quero dizer-lhe a verdade.


        Não lhe ia dizendo a verdade.  ou Não ia  dizendo-lhe a verdade.


 

VERBO


 

Verbo é a palavra variável que exprime ação, estado, mudança de estado e fenômeno, situando-os no tempo.


 

Flexões


 

I. Número


 

O verbo admite singular e plural.


Ex.:


O menino olhou para o animal com olhos alegres. (E. Veríssimo)  olhou  →singular


 

Os meninos olharam para o animal com olhos alegres. olharam  →  plural


 

II. Pessoa


Servem de sujeito ao verbo as três pessoas gramaticais:


1ª pessoa: aquela que fala.


a. do singular  – corresponde ao pronome pessoal eu: Ex.: Eu adormeço.


b. do plural – corresponde ao pronome pessoal nós:Ex.: Nós adormecemos.


 

2ª pessoa: aquela com quem se fala.


a. do singular  – corresponde ao pronome pessoal tu: Ex.: Tu adormeces.


b. do plural – corresponde ao pronome pessoal vós:Ex.: Vós adormeceis.


 

3ª pessoa: aquela de quem se fala.


a. do singular  – corresponde aos pronomes pessoais ele, ela: Ex.: Ela adormece.


b. do plural – corresponde aos pronomes pessoais eles, elas:Ex.: Elas adormecem.


 

III. Modo


 

É a propriedade que tem o verbo de indicar a atitude do falante em relação ao fato que comunica. Há três modos em português:


1.indicativo: a ação é certa, há uma atitude objetiva do falante:


Ex.: Eu vou à reunião.


 

2.subjuntivo: a ação é duvidosa, incerta, eventual, há uma atitude subjetiva do falante:


Ex.: Talvez eu vá à reunião.


 

3.imperativo: o fato é enunciado como uma ordem, um conselho, um pedido, uma súplica, um convite ou uma recomendação, há uma atitude de interferência do falante sobre o interlocutor:


Ex.: Vá à reunião!


 

IV.Tempo


 

É a propriedade que tem o verbo de localizar o fato no tempo, em relação ao momento em que se fala. Os três tempos básicos são:


 

1. presente: a ação ocorre no momento em que se fala:


Ex.: Fecho os olhos, agito a cabeça... (G. Ramos)


 

2. pretérito (passado): a ação transcorreu num  momento anterior àquele em que se fala:


Ex.: Fechei os olhos, agitei a cabeça.


 

3. futuro: a ação poderá ocorrer após o momento em que se fala:


Ex.: Fecharei os olhos, agitarei a cabeça.


 

INDICATIVO


 

1. Presente (falo)


2. Pretérito


a. imperfeito (falava) – Expressa um tempo passado mas não concluído.


b. perfeito (falei) – Indica um processo totalmente concluído em relação ao momento em                     


                                que se fala.


c. mais-que-perfeito (falara) – Expressa um fato passado, que ocorreu antes de outro,


                                                     também passado.


 

3. Futuro


a. do presente (fale)


b.do pretérito (falaria) - antigo condicional


 

SUBJUNTIVO


 

1. Presente (fale)


 

2. Imperfeito (falasse)


 

3. Futuro (falar)


 

     Há ainda três formas que não exprimem exatamente o tempo em que se dá o fato expresso. São as formas nominais, que completam os tempos simples.


 

FORMAS NOMINAIS


1. Infinitivo


a. Impessoal (falar)


b. Pessoal  (falar eu, falares tu etc.)


 

2. Gerúndio (falando)


 

3. Particípio (falado)


 

 

V. Vozes Verbais


 

1. Voz Ativa: quando  sujeito é o agente, isto é, executa a ação expressa pelo verbo.


Ex.: O aluno leu o livro.


 

2. Voz Passiva: quando o sujeito é paciente, isto é, receptor da ação expressa pelo verbo.


 

Há dois tipos de voz passiva:


a. Passiva analítica: formada por verbo auxiliar + particípio.


 

Ex.: Voz ativa: O aluno leu o livro. ( sujeito agente → o aluno; VTD → leu; OD  → o livro )    VTD  → verbo transitivo direto    OD  → objeto direto


Voz passiva analítica: O livro foi lido pelo aluno. ( sujeito paciente  → O livro; verbo auxiliar  → foi; verbo no particípio  → lido; agente da passiva  → pelo aluno)


 

Observações:


O único verbo que permite a voz passiva é o TD ( transitivo direto). Não aceitam a transformação VTIs, porque seu complemento tem preposição, VIs, porque não possuem complemento e VLs, porque são verbos de estado, não de ação.

Passagem da voz ativa para a voz passiva analítica → o objeto direto passa a funcionar como sujeito paciente e o sujeito agente como agente da passiva. Coloca-se o verbo auxiliar no mesmo tempo do verbo da oração principal e este no particípio.

 

 

b. Passiva sintética: (ou pronominal) formada pelo verbo na 3ª pessoa + o pronome apassivador se.


Ex.: Leu-se o livro.


        Leram-se os livros.


 

3. Voz Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e paciente, isto é, executor e receptor da ação expressa pelo verbo.


Ex.: O aluno feriu – se .

Também pode indica reciprocidade: Pedro e Joaquim abraçaram-se.


 

ESTRUTURA DO VERBO


 

1. Radical: serve como base do significado. Obtém-se o radical do verbo retirando-se as terminações  -ar, -er, -ir do infinitivo.


 

Infinitivo                         Radical


cantar                  –          cant


vender                 –          vend


partir                   –           part


 

2. Vogal Temática: é a vogal que agrega ao radical, preparando-o para receber as desinências. A vogal temática indica a que conjugação pertence o verbo.


 

Vogal temática a →   1ª conjugação   – cantar


Vogal temática e →   2ª conjugação   – vender


Vogal temática i →   3ª conjugação   – partir


 

Observações: 


 

–  O verbo pôr e seus derivados pertencem à segunda conjugação.


 

Diacronicamente, basta observarmos a evolução da palavra: Ponere > poere > poer > pôr


 

Sincronicamente, observamos o pretérito mais-que-perfeito do indicativo e o pretérito imperfeito do subjuntivo em que se faz notar a desinência e.


Ex.: pusera  /  pusesse


 

– O radical, acrescido da vogal temática, recebe o nome de TEMA.  Canta , vende, parti.


 

3. Desinências: são elementos que se agregam ao radical (ou ao tema) para indicar categorias gramaticais de tempo e modo (desinência modo-temporal), e pessoa e número (desinência número-pessoal).


Desinência modo-temporal 

 

- Presente do Indicativo → não há


- Pretérito perfeito do Indicativo → não há


- Pretérito imperfeito do Indicativo →  va (ve ) →  1ª conjugação 


                                                          →  ia (ie) →  2ª e 3ª conjugação


 

- Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo  → ra (re) → átonos



- Futuro do presente → ra (rei) → tônicos


 

- Futuro do pretérito →  ria (rie)


 

Modo Subjuntivo


 

- Presente → e (1ª conjugação)


                       a  (2ª e 3ª conjugação)


 

- Imperfeito → sse


 

- Futuro → r → condicional ou temporal


Desinência das Formas Nominais 

 

 

- Infinitivo →  r


- Gerúndio →  -ndo


- Particípio →  -ado / -ido


Desinência número-pessoal

 

- 1ª pessoa do singular → o


                                     →  o →  presente do indicativo


                                     →  i  →  pretérito perfeito do indicativo


 

- 2ª pessoa do singular → -s


                                     → -ste (pretérito perfeito do indicativo)


                                     → -es (futuro subjuntivo/ infinitivo)


 

- 3ª pessoa do singular → o


                                      → -u (pretérito perfeito do indicativo)


 

- 1ª pessoa do plural → mos


 

-2ª pessoa do plural →  is


                                 → -stes pretérito perfeito do indicativo)


                                 → des futuro do subjuntivo/ infinitivo)


 

 

-3ª pessoa do plural → m


                                 → ram (pretérito perfeito do indicativo)


                                 → o (futuro do presente do indicativo)


                                 → em ( futuro do subjuntivo / infinitivo)


 

 

Predicação Verbal


 

Introdução


 

       A predicação verbal trata do modo pelo qual os verbos formam o predicado, isto é, se exigem ou não complementos.


 

       Quanto à predicação, os verbos podem ser:


 

a) intransitivos: são verbos de conteúdo significativo que, por terem sentido completo, não exigem um complemento, podendo, portanto, constituir o predicado sozinhos.


 

Ex.: Paulo morreu. (Paulo →  sujeito      morreu → predicado)


        morreu → verbo intransitivo (v.i.)


 

Ex.: Carla sumiu. (Carla →  sujeito      sumiu → predicado)


        sumiu → verbo intransitivo (v.i.)


 

Observe que os verbos “morreu” e “sumiu”:


 

__ possuem conteúdo significativo, isto é, informam algo a respeito do sujeito;


 

__ não reclamam um complemento, pois já possuem sentido completo, isto é, são capazes de dar uma informação completa a respeito do sujeito;


 

__ são capazes de, sozinhos, constituir o predicado.


 

 

Observação:  

Muitas vezes o verbo intransitivo virá acompanhado de um termo que exprime uma circunstância de tempo, modo, lugar, causa, finalidade etc. (adjunto adverbial), ou de um termo que exprime um atributo ao sujeito (predicativo). Isso, no entanto, não tira seu caráter de verbo intransitivo.


 

Ex.: Carlos morreu feliz.


         Carlos → sujeito


         morreu feliz → predicado


         morreu → verbo intransitivo


         feliz  → predicativo do sujeito


 

Ex.: Carla sumiu de casa.


        Carla → sujeito


        sumiu de casa → predicado


        sumiu → verbo intransitivo


        de casa → adjunto adverbial


 

 

Observação:

Há certos verbos que são denominados intransitivos e que exigem adjuntos adverbiais para que possam constituir o predicado.


 

Ex.: Moro em Pádua . 


        Moro → verbo intransitivo


        em Pádua  →adjunto adverbial


 

Ex.: Vou para Goiânia.


         Vou → verbo intransitivo


         para  Goiânia → adjunto adverbial


 

Tais verbos são chamados transitivos circunstanciais.


 

b) transitivos: são verbos de conteúdo significativo que, por não terem sentido completo, reclamam um complemento, e por isso não são capazes de, sozinhos, constituir o predicado. Os verbos transitivos subdividem-se em:


 

I. transitivos diretos: quando exigem um complemento sem preposição obrigatória (objeto direto).


 

Ex.: A menina comprou bombons.


       A menina → sujeito


       comprou  → verbo transitivo direto (v.t.d.)


       bombons → objeto direto (o.d)


 

II. transitivos indiretos: quando exigem complemento com preposição obrigatória (objeto indireto).


 

Ex.: Lampião gosta de Maria Bonita.


        Lampião → sujeito


        gosta → verbo transitivo indireto (v.t.i.)


        de Maria Bonita → objeto indireto (o.i)


 

III. transitivos diretos e  indiretos: quando exigem dois complementos: um sem e outro com preposição obrigatória ( objeto direto e indireto).


 

Ex.: Carla emprestou o livro a Antônio.


        Carla → sujeito


         emprestou →  verbo transitivo direto e indireto (v.t.d. e i.)


         o livro → objeto direto (o.d.)


         a Antônio → objeto indireto (o.i.)


 

Obs.: Tais verbos, há algum tempo eram conhecidos como bitransitivos.


 

c) de ligação: são verbos que, não possuindo conteúdo significativo, servem como elemento de ligação entre um sujeito e seu atributo (predicativo do sujeito).

Os principais são: ser, estar, parecer, permanecer, ficar, continuar, andar, virar e tornar-se - fórmula mnemônica - CAFES P2 TV.


 

Ex.: A casa é nova.


        A casa → sujeito


       é → verbo de ligação (v.l.)


        nova →predicativo do sujeito (p.s)


 

Observe que os verbos de ligação são praticamente vazios de conteúdo significativo, isto é, não trazem nenhuma informação a respeito do sujeito.


 

Complementos Verbais


 

       Como vimos, verbos transitivos são aqueles que, por não terem sentido completo, reclamam um complemento. Ao termo da oração que completa o sentido de um verbo transitivo, dá-se o nome de objeto.


 

Objeto direto →  é o termo da oração que completa a significação de um verbo transitivo direto sem auxílio de preposição obrigatória, exceto em casos especiais - objeto direto preposicionado.


 

Ex.: Paulo vendia livros.


       Paulo → sujeito            vendia → v.t.d.           livros → o.d.


 

        Evidentemente, o objeto direto pode estar completando o sentido de um verbo transitivo direto e indireto (pois tal verbo também é transitivo direto).


 

Ex.: Oferecemos uma medalha ao primeiro colocado.


       Oferecemos → v.t.d. e i.      uma medalha → o.d.   ao primeiro colocado → o.i.


 

Objeto indireto →  é o termo da oração que completa a significação de um verbo transitivo indireto, sempre com auxílio de uma  preposição obrigatória. Quando é introduzido pela preposição A, é chamado de complemento relativo, como faz Rocha Lima na Gramática Normativa da Língua Portuguesa.


 

Ex.: Camila gosta de música.


        Camila → sujeito            gosta → v.t.i.     de música → o.i.


 

        Observe que a preposição que introduz o objeto indireto não possui valor semântico específico; ela é mero elo sintático entre o verbo e seu complemento.

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