EducaBras - figuras e vícios de linguagem

 Figuras de Linguagem são recursos linguísticos usados para tornar a linguagem mais bonita e expressiva. As figuras de linguagem abrangem diferentes modalidades.


As figuras de linguagem distribuem-se de acordo com a variante que expressam na forma da língua. Assim temos:


LINGUAGEM FIGURADA


figuras de palavras ou tropos;

figuras de construção ou de sintaxe;

figuras de pensamento;

figuras de som ou de harmonia.

FIGURAS DE PALAVRA


As mais importantes figuras de palavra são:


Metáfora: é, em essência, uma comparação abreviada. Consiste em usar uma determinada palavra, não no seu sentido denotativo, mas em lugar de uma outra com a qual tenha uma certa relação de semelhança. Usa-se uma palavra em lugar de outra porque a imaginação vê uma semelhança entre as duas.


Por exemplo:


João é muito forte; o leão é muito forte.


Ao invés de se dizer "João é forte como um leão", diz-se diretamente: João é um leão.


Outros exemplos:


A vida é uma luta. (= é tão difícil quanto uma luta)

Ele tem nervos de aço. (= tão fortes que parecem de aço)

Minha mãe é uma santa. (= tão boa quanto uma santa)


OBS.:


Quando os dois elementos postos em confronto são materialmente separados por um conectivo, não ocorre metáfora, mas sim comparação.


Por exemplo:


Qual um mendigo, vivia a caminhar pelas ruas.


Metonímia: a metonímia ocorre quando, em vista de uma relação de sentido ou de afinidade, uma palavra é empregada em lugar de outra. Temos a metonímia quando empregamos:


a) o autor pela obra.


Por exemplo:


Ele gosta de ler Jorge Amado. (= Ele gosta de ler as obras de Jorge Amado)

Comprei um Portinari. (= Comprei um quadro de Portinari)


b) o continente pelo conteúdo.


Por exemplo:


Um bebeu uma garrafa e o outro, um copo. (o conteúdo de) 

Na Bahia, provei um prato gostoso. (o conteúdo de)


c) o abstrato pelo concreto (e vice-versa).


Por exemplo:


A velhice é prudente. (velhice = pessoas mais velhas)

Cada um carrega sua cruz. (cruz = sofrimento)


d) o efeito pela causa (e vice-versa).


Por exemplo:


Vencer na vida com o suor do próprio rosto. (suor é o efeito ou resultado e está sendo usado no lugar da causa, ou seja, o trabalho)

Aprendi a viver do meu trabalho. (trabalho é causa ou meio e está sendo usado no lugar do efeito ou resultado, ou seja, lucro.)


e) o instrumento pela pessoa que utiliza.


Por exemplo:


Ele é um bom garfo! (= ele é um indivíduo que come muito)


f) o lugar pelo produto.


Por exemplo:


Fumei um saboroso havana. (havana = charuto fabricado em Havana, capital de Cuba)


g) o símbolo pela coisa ou ideia simbolizada.


Por exemplo:


O trono foi disputado pelos revolucionários. (o trono simboliza o império)


Sinédoque: Consiste no alargamento ou diminuição de sentido de uma palavra e ela ocorre quando empregamos:


a) a parte pelo todo.


Por exemplo:


Não há teto para todos os necessitados. (A parte "teto" está sendo usada no lugar do todo "casa")


b) o indivíduo pela classe ou espécie.


Por exemplo:


Ele era o judas da classe. (O nome próprio passou a designar a classe dos homens traidores).


c) o singular pelo plural.


Por exemplo:


O homem é um animal racional. (isto é, os homens)


d) o gênero pela espécie.


Por exemplo:


Os mortais são imperfeitos. (isto é, os homens)


e) a matéria pelo objeto (artefato).


Por exemplo:


Ele não tem um níquel. (A matéria "níquel" está sendo usada no lugar da coisa fabricada, que é "moeda")


Catacrese: ocorre quando, por falta de uma palavra específica para designar alguma coisa, se toma por empréstimo outra palavra e passa-se a usá-la em sentido figurado.


Exemplos:


O pé da mesa estava quebrado. 

Coloquei dois dentes de alho na comida. 

Todos embarcaram no avião das dez horas. 

Ele enterrou uma agulha na pele.


Antonomásia (ou Perífrase): ocorre a antonomásia quando substituímos um nome próprio pela qualidade ou atributo que o distingue.


Exemplos:


O Poeta dos Escravos (Castro Alves)


O rei das selvas (leão)


FIGURAS DE CONSTRUÇÃO OU SINTAXE


As principais figuras de construção são:


Polissíndeto: repetição de conjunções coordenativas (geralmente, o e).


Exemplos:


A pobre chorava, e gritava, e lamentava, e se desesperava...


Assíndeto: omissão da conjunção e.


Exemplos:


Não come; não bebe; não dorme.


Elipse: consiste na omissão de um termo facilmente subentendido.


Exemplo:


"Ah, porque estou tão sozinho" (V. de Moraes e Tom Jobim) (omissão do sujeito "eu")


Neste corpo, cicatrizes e marcas. (omissão da forma verbal "há")


Zeugma: ocorre quando se omite um termo que já apareceu antes.


Exemplo:


O dia estava frio; o vento, cortante. (omitiu-se a forma verbal "estava")


Pode ocorrer, ainda, que a palavra omitida seja um verbo anteriormente citado mas sob outra flexão.


Exemplo:


Nós viemos de Jundiaí; eles, de Campinas. (omitiu-se o verbo "vir" mas sob a forma "vieram")


Hipérbato ou Inversão: é a mudança da ordem direta dos termos na frase.


Exemplos:


"Ouviram do Ipiranga as margens plácidas 

De um povo heroico o brado retumbante." (Hino Nacional Brasileiro)


Na ordem direta, teríamos: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.


A inversão das palavras vizinhas se chama anástrofe. 


Se a inversão for muito violenta, chama-se sínquise. Nesse caso não é uma figura, mas sim um vício de linguagem.


Anacoluto: consiste na quebra da estrutura sintática da frase pela inserção de um termo solto ou pela mudança abrupta de uma determinada construção sintática.


Exemplos:


"Eu, que era branca e linda, eis-me medonha e escura." (M. Bandeira).


Observe que o pronome "eu", enunciado no início, não se liga sintaticamente à oração "eis-me medonha e escura".


Pleonasmo: é a repetição de termos para realçar, enfatizar uma ideia. O pleonasmo só pode ser considerado uma figura de linguagem quando tem evidente valor expressivo.


Exemplos:


A cena, que vi com meus próprios olhos, jamais será esquecida.


As flores, já as entreguei.


Ao ambicioso, nada lhe satisfaz.


OBS.: Há o pleonasmo vicioso, desnecessário, que não pode ser considerado como figura, mas como vício de linguagem: subir para cima, entrar para dentro, etc.

É uma redundância não intencional e sem valor estilístico.


Silepse: ocorre a silepse quando a concordância (de gênero, número ou pessoa) é feita com termos ou ideias subentendidas na frase e não claramente expressos. Também é chamada de concordância ideológica, irregular ou figurada.


Exemplos:


Santos é muito poluída. (silepse de gênero: poluída concorda implicitamente com a palavra cidade e não com o termo 'Santos', que é masculino).


O povo lhe pediram que cedesse. (silepse de número: pediram não concorda com povo, mas com a ideia de coletivo, de plural, presente em povo).


Todos os brasileiros somos assim. (silepse de pessoa: somos indica que o narrador integra o sujeito).


Anáfora: ocorre quando há repetição de uma mesma palavra no início de frases ou versos.


Exemplo:


Ilha cheia de graça 

Ilha cheia de pássaros 

Ilha cheia de luz. 

Cassiano, Ricardo. Martim-Cererê. Rio de Janeiro, José Olympio, 1974.


FIGURAS DE PENSAMENTO


São as principais:


Antítese: aproximação de palavras com sentidos opostos.


Exemplo:


Faça sol ou faça chuva, estarei lá.


Quando os termos contrários formam uma expressão absurda, a figura recebe o nome de paradoxo, ou oxímoro.


Exemplo:


Ele acredita na vida após a morte.


Eufemismo: consiste em suavizar uma ideia para evitar o impacto de uma mensagem negativa ou ofensiva.


Exemplos:


Ele foi morar com Deus. (em vez de: ele morreu.)


Ele foi convidado a se retirar. (em vez de: ele foi expulso.)


Ironia: é a utilização de palavras ou expressões com sentido oposto ao que se realmente pensa ou acredita. É um recurso útil quando se deseja criticar ou satirizar algo ou alguém indiretamente.


Exemplo:


Parabéns! (quando alguém faz uma coisa errada)


Hipérbole: consiste em usar uma expressão exagerada para dar mais expressividade à mensagem.


Exemplos:


Uma imagem vale mais que mil palavras.


Lilote: é o oposto da hipérbole.


Exemplo:


Não estou nada contente com isso.


Prosopopeia ou personificação: é a atribuição de qualidades próprias de seres humanos - como fala, movimento, raciocínio etc. - a seres não humanos.


Exemplo:


O cravo brigou com a rosa. (cantiga de roda popular)


Gradação ou clímax: é uma sequência de ideias em ordem crescente ou decrescente.


Exemplo:


“Oh, não aguardes, que a madura idade / Te converta em flor, essa beleza / Em terra, em cinza, em pó, em sobra, em nada.”

(Gregório de Matos)


Apóstrofe: consiste em uma invocação, interpelação de um interlocutor, real ou imaginário. Sintaticamente, equivale ao vocativo.


Exemplo:


Senhor, o que eu fiz para merecer isso?


FIGURAS DE SOM OU HARMONIA


São as principais:


Aliteração: é a repetição de fonemas para sugerir um som.


Exemplo:


"Será que a morena cochila escutando o cochilo do chocalho 

Será que desperta gingando e já vai chocalhando pro trabalho" (Chico Buarque)


Assonância: consiste na repetição ordenada dos mesmos sons vocálicos, notadamente das vogais tônicas, de diferentes palavras.


Exemplo:


"Garoa do meu São Paulo, 

Timbre triste de martírios " (Mário de Andrade)


Onomatopeia: é a criação de uma palavra para imitar um som.


Exemplo:


"Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno! 

Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria" (Fernando Pessoa)


OBS.: Repare que a aliteração sugere um som, explorando a sonoridade de palavras existentes na língua; a onomatopeia imita um som, criando uma palavra que só tem significação sonora.


Paronomásia: é a aproximação de palavras de sons parecidos, conhecida como trocadilho.


Exemplo:


"Eu que passo, penso e peço..." Sidney Miller


VÍCIOS DE LINGUAGEM


Os principais vícios de linguagem são:


Ambiguidade: é uma construção que, por permitir mais de uma interpretação, pode levar o leitor a compreender a mensagem de modo errado.


Exemplo:


O jogador comemorou o aniversário do amigo na sua casa. 

(casa do amigo ou do jogador?)


Cacófato: som desagradável resultante da junção de sílabas de duas ou mais palavras na frase.


Exemplos:


Uma mão lava a outra.


As palavras tornavam-se suaves na boca dela.


Ela tinha 36 anos quando resolveu viajar.


Pleonasmo (Redundância): consiste na repetição desnecessária de palavras para expressar uma ideia.


Exemplos:


Subir para cima. Sair para fora. Entrar para dentro. (os verbos subir, sair e entrar são suficientes para expressar o que se deseja)


Ele teve uma hemorragia de sangue.


Barbarismo: é a grafia, pronúncia ou flexão incorreta de uma palavra ou expressão.


ressucitar


em vez de ressuscitar


milhonário


em vez de milionário


impecilho


em vez de empecilho


récorde


em vez de recorde


interim


em vez de ínterim


interviu


em vez de interveio


o libido


em vez de a libido




 


 


Considera-se também barbarismo os desvios semânticos (emprego inadequado de homônimos ou parônimos): infligir em vez de infringir, vultuoso em vez de vultoso, censo em vez de senso.


Solecismo: erro de sintaxe (concordância, regência, colocação).


Exemplos:


Fazem dez anos que nos conhecemos. (em vez de faz) 

Falta dois anos para eu me formar. (em vez de faltam)

Assisti o documentário na TV. (em vez de ao) 

Vou no cartório hoje. (em vez de ao)

Encontrarão-me no cinema. (em vez de encontrar-me-ão)

Tinha retribuído-lhe um favor. (em vez de tinha lhe retribuído)


Eco: repetição de um mesmo som na frase.


Exemplos:


Realmente, tenho em mente o que lhe darei de presente.


A expressão de sua emoção causou comoção na população.


Hiato: repetição de vogais.


Exemplo:


Você pode escolher - ou eu ou ela.


Colisão: repetição de consoantes iguais ou semelhantes.


Exemplo:


O cultivo coletivo das comunidades camponeses.


Arcaísmo: uso de palavras ou expressões já ultrapassadas.


Exemplo:


vosmecê - você / asinha - depressa / suso - acima / boticário - farmacêutico / quiçá - talvez


Inclui-se também o pretérito mais-que-perfeito simples, substituído por sua forma composta


Estrangeirismo: uso excessivo e desnecessário de palavras em outros idiomas.


Exemplo:


drink - bebida / stress - estresse / menu - cardápio / weekend - fim de semana


Preciosismo: linguagem rebuscada, e extremamente afetada.


Exemplo:


Não me venha com colóquio flácido para acalentar bovinos. (Não me venha com conversa mole para boi dormir).

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