Pedro Cordeiro - contração, combinação e crase

  1) Contração e Combinação. São junções de uma preposição  a outra palavra que vem posposta. Quando há aglutinação (desaparecimento de elementos da grafia e da sonoridade) temos uma contração; quando os elementos unidos preservam-se intactos, isto é, quando apenas são justapostos, sem aglutinação, temos uma combinação. A primeira palavra é quase sempre uma preposição, mas pode ser também um pronome (no caso das contrações).


2) Combinação. Não ocorre alteração nem na estrutura nem nos fonemas das preposições. São poucos os casos:


a) A preposição “A” se une ao artigo definido “O” (ou “OS”):  Não fiques exposto muito tempo AO sol quente!

Faze um bosquejo de tua monografia e o envia AO teu orientador.


b) A preposição “A” se junta AO advérbio “ONDE”: AONDE (usado sempre que indica movimento. Assim não é usado com os verbos SER, ESTAR, PERMANECER  etc.)


Vai AONDE houver bom hospital e te trata! Caso contrário, vais sofrer  a vida toda e ONDE estiveres.


c) Desde (dês + de). Desde meio-dia, estou lendo.


d ) Porque (por + que):  Por que você fez isso? Fi-lo porque quis!    


3) Contração. Ocorre quando as preposições A, DE, EM e PER (grafia antiga da atual preposição POR) se unem a artigos, pronomes ou advérbios, havendo alteração mórfica e fonética, mais precisamente, ocorrem perda de som devido à redução nas letras (com DE, certas contrações são proibidas): Põe a roupa NO (EM+O) guarda-roupa. Esse armário é DELE (DE+ELE), a contração está correta porque DELE é pronome possessivo. Isso não é jeito DE ELE falar (aqui não se faz a contração, pois ELE é sujeito do infinitivo falar; e, jamais, uma preposição pode introduzir o sujeito). O chapéu DO (DE+ O) palhaço caiu. Na emergência, o paciente foi operado PELO enfermeiro. São vários casos.


4) Contrações Obrigatórias. Há contrações que são obrigatórias. São as formadas pela preposição mais (+) o artigo definido ou pronome demonstrativo. POR + O(s): PELO, PELOS.  EM + ESTE: NESTE. A+A: À (esta contração À, A+A, uma fusão de vogais idênticas, chama-se CRASE).


Nota: Não se deve confundir PREPOSIÇÃO com PREFIXO. Este é um morfema da palavra, que se junta a uma raiz ou a um radical para dar-lhe um sentido diferente. PRE + DIZER= PREDIZER.  Por vezes, as novas palavras são hifenizadas: anti-ibérico, contra-almirante, infra-axilar, micro-ondas, sobre-elevação, pré-escolar, pré-nupcial, pós-graduação, pró-reitor. Normalmente, as palavras formadas por prefixos, sufixos ou mesmo pela união de radicais diferentes, mantém integralmente os sons dos elementos que entraram na composição da palavra. Então, aqui também, podemos falar em COMBINAÇÃO.


5) Contrações Facultativas. Pode-se usar de  forma contraída ou expressa: Em um (ou num),  em uns (ou nuns), em uma (numa), em umas (numas), de um (dum, s), de uns (duns), de uma (duma, s), em algum (nalgum, a,s), de algum (dalgum, a,s), aquele outro (aqueloutro, a,s), àquele outro (àqueloutro, a,s), naquele outro (naqueloutro a,s), daquele outro (daqueloutro, a,s), nesse outro (nessoutro, a,s), desse outro (dessoutro, a,s), esse outro (essoutro, a,s), neste outro (nestoutro, a,s), deste outro (destoutro, a,s ), este outro (estoutro, a, s), em outro (noutro, a,s), de outro (doutro, a,s), de onde (donde), de aqui  (daqui), de  aí (daí), de  ali (dali), de  além (dalém). Citei apenas alguns exemplos dentre outros.


6) Contrações Proibidas.  Conforme já foi observado, não se contrai DE com o artigo O (a,s), ou ELE  (a,s), sujeitos de  orações, embora alguns considerem corretas. Estão errados: Chegou o momento DO homem entrar (o certo: chegou o momento DE O homem entrar; aqui o artigo introduz o sujeito da oração, portanto não pode ser contraído com a preposição). “COM”, sempre contraído com os oblíquos (comigo, contigo, consigo, conosco,  convosco), tem como exceção “CONOSCO”, que deve ficar   expresso  antes de numerais, mesmos, próprios e todos: Com nós mesmos / próprios, tudo conseguimos. Minha irmã sairá com nós quatro. O elevador enguiçou com nós todos dentro. Em linguagem informal, CONOSCO é substituído pela expressão COM A GENTE. Em Portugal, usa-se CONNOSCO.


7) Contração Apostrofada. N’Os Lusíadas o Português foi alçado aos píncaros. N’A União só sai matéria do interesse do governo. Há gramáticos que defendem ser os apóstrofos desnecessários, embora seja seu uso correto, bastando pôr o artigo com letras maiúsculas: nO Estado de São Paulo, nOs Sertões.


8)Contrações Indevidas. Os gramáticos não veem com simpatia estas contrações: Cadê /quedê (onde + está), pra e pro (para + o). Mas, o que fazer se elas há muito estão na boca do povo e nos poemas dos poetas?  Para estes, elas facilitam, e tanto,  quando a briga é contra a métrica. Na linguagem padrão, porém, contudo, entretanto, todavia...


9) Notas:  Essas ligações (das preposições com outras classes gramaticais) nascem na linguagem falada e, depois, refletem-se na escrita.


10) Um Tipo Especial De Contração: A CRASE: É fusão de um A artigo (feminino) com outro A, preposição ou pronome. Essa fusão é marcada graficamente com o “acento” grave (`): A+A= À.


METAPLASMOS E CRASE


Na evolução de um idioma, as palavras vão sofrendo modificações , seja com a supressão seja com a fusão de fonemas (sons). Essas alterações morfológicas das palavras recebem um nome genérico de metaplasmos.  Então,  há metaplasmos por adição,  por supressão ou  por transformação de sons. As combinações e as contrações são tipos de metaplasmos. A crase, uma contração de sons iguais, é , assim, um metaplasma por supressão de sons (fonemas). Vem do grego krasis, que significa junção, união. Trata-se do encontro de duas vogais idênticas (A+A).


É a etimologia, a história das palavras e de seus elementos mórficos, que estuda essas alterações fonéticas (e escritas) na evolução da língua. Do latim ao português atual ocorreram muitos metaplasmas, e estes continuam, até com mais intensidade, nos dias atuais. As palavras alteradas que são faladas (por quem não domina a linguagem padrão) são chamados barbarismos (são os erros de ortoépia) – como INGREJA em vez de igreja, INTERIM em vez de ínterim, de grafia - como CERTESA em vez de certeza, de flexões - MENAS em vez de menos, REAVEU em vez de reouve, de semântica - como  “ir de encontro a” quando se deseja dizer ir “ao encontro de”, 'ao invés de' quando se deseja dizer 'em vez de'), uso inadequado de homônimos ou parônimos - como 'ratificar' quando se deseja dizer 'retificar', 'seção' quando se deseja dizer 'sessão'), e uso excessivo e desnecessário de estrangeirismos - como ('show' em vez de 'espetáculo', 'delivery' em vez de 'entrega em domicílio' e 'contraceptivo' em vez de 'anticoncepcional')

Interim é como os mineiros pronunciam inteirinho.

Se mesmo assim você quiser usar o estrangeirismo, coloque itálico ou aspas.

Exemplos de metaplasmas:  PER (Latim e português arcaico): Por (preposição); SEER (português arcaico): Ser; POER: Pôr. Tá (por está).  Cê (por você, que bem antes era vossa mercê, depois vossemecê, vosmecê, você). Um parêntese: PÔR é verbo de segunda conjugação. Por que, se sua vogal temática é O? Não seria ele de quarta conjugação? Não, só existem três conjugações verbais: AR, ER, IR. A explicação é esta: PÔR é uma corruptela de POER (verbo de segunda conjugação), que acabou se cristalizando no idioma e substituído a forma verbal original. O mesmo se aplica aos derivados, como IMPOR, EXPOR, etc.


1) Conceito. CRASE significa fusão. Em gramática, trata-se da junção de um A artigo com outro A (um A preposição regida por um verbo, substantivo, adjetivo ou advérbio, um A pronome demonstrativo, a vogal A que inicia um pronome demonstrativo, o A inicial do pronome relativo, por exemplo): A+A= À. Os principais casos de crase são de artigos (o artigo A) com a preposição A. Então, a primeira condição para que um A "seja craseado" (receba o sinal de “acento” grave)  é a existência desses dois AA. Analisemos essas orações:


a) Ele foi Á praia. Há aqui o A artigo e o A preposição, pois quem vai, vai A algum lugar. "Vale a pena ver de novo": Com verbos que indicam movimento (ir, vir, voltar) em direção a algum lugar, a preposição adequada é A ou PARA; se o verbo não indica esse movimento (estar, por exemplo), prefere-se EM: Ele está EM casa. Ele vai PARA casa. Ele vai a casa, mas já volta. Ele vai À casa dos pais. Hoje, ele fica EM casa. "Ir EM casa" se usa na informalidade e a literatura já registra esse uso, mas em situações formais deve ser evitado. Agora, uma diferença sutil: Ele foi A Recife (fica implícito seu retorno, normalmente em breve). Ele foi PARA Recife (fica entendido que talvez não retorne, foi para ficar lá).


b) Ele bebeu A água. Temos aqui apenas o A artigo ( A água), pois o verbo é transitivo direto. Não existe crase, porque esses verbos não são regidos de preposição, exceto nos casos de objeto direto preposicionado.


c) Ele deu o giz À Lúcia. O verbo DAR é bitransitivo: Pede um objeto direto (no caso, o giz) e um objeto indireto (no caso, Lúcia), que se liga ao verbo mediante a preposição A (quem dá, dá algo A alguém). Nas regras de uso do artigo, este não pode ser usado antes de nomes de pessoas, exceto se estas nos forem íntimas ou familiares. Isso tem implicações na crase. Em situações assim pode haver ou não crase, dependendo do tipo de relação que existe entre quem escreveu a frase e a pessoa alvo do verbo DAR.


d) Ele deu o giz À professora. A palavra professora admite o artigo A. Portanto, há a crase.


f) Ele foi À Paraíba. Paraíba admite o artigo A. Assim, usa-se a crase.


g) Ele foi A Campina Grande. Ninguém fala: A Campina Grande. Esta cidade não admite o antigo  antes de si, portanto, não existe crase no caso. Não se pode escrever assim: E vou À Campina Grande. Somente se estiverem determinadas com um adjunto adnominal, admitirão o artigo e, consequentemente, a crase: Ele foi à histórica Campina Grande.


h) Enviei as mensagens ÀS professoras. Crase do artigo AS (plural)  com a preposição A.


Assim, a crase com a preposição A e artigo A (ou AS) só se usa antes de palavras femininas (Fui À Paraíba. Fui A São Paulo. Dei o livro AO menino. Dei o livro Às meninas).


Porém, pode haver outros tipos de contrações:  O ”A” da preposição com o “A” dos  demonstrativos  "A"(s:  uma menina: Refiro-me À  que se encontra doente. Meninas: Refiro-me ÀS que estão doentes),  "Aquele"(a, s: Entregue este livro Àquele homem (Àquelas moças), "Aqueloutro"(a, s: Este caderno não dê Àquele homem, mas sim,  Àqueloutro homem.  Àquelas mulheres, dê o livro),  "Aquilo" (refiro-me Àquilo que você comentou), ou do relativo A qual (s):  A jovem, À qual me refiro, passou no concurso. Notar: Tais pronomes são de 3ª pessoa.


Casos Proibidos. Há situações em que a crase é proibida, por um motivo simples: Foge das condições acima consideradas. Ela é vedada antes de:


A) Verbo (este não é um nome, muito menos feminino: Com exceção do particípio da voz passiva, o verbo não flexiona em gênero, apenas em número, pessoa, tempo, modo e voz): Assunto A debater. Tratado A ser feito. Existem casos em que o A aparece antes de verbo flexionado, mas não é preposição, e sim pronome átono: Eles A demitiram;


B) Nomes masculinos: Andar A pé. Erros crassos: Sal À gosto. Andei À  esmo. TV À cabo. Depilação À laser. Exceção: Em locuções onde a palavra “moda” está subentendida (o que configura uma figura de linguagem chamada de elipse): Ele se veste À Luiz XV. Gostei do "arroz à grega"  (aqui as crases são obrigatórias);

Elipse, além de ser um termo da geometria, é uma figura de construção ou sintática que consiste na omissão de um termo facilmente subentendido pelo contexto.


C) Numerais: De 20 A 30. Quando o numeral se refere a horas, a crase é obrigatória: A aula começa ÀS dez horas;


D) Plural sem artigos (um sinal de que não há o artigo é o A no singular antes de palavra no plural; se o A for singular, este é,  apenas e sempre, uma preposição, exigida pela palavra anterior: Só assisto A filmes bons; enviei convites A gregas e A troianas). Se o A vier seguido de S, haverá crase: Enviei convites ÀS gregas e ÀS troianas;


E) De pronomes (exceto os que já citamos: Demonstrativos de 3ª pessoa e os relativos A qual, As quais): Enviei os ofícios A Vossa Senhoria. (tratamento) / Juntei-me a ela. (pessoal) / Nunca devi dinheiro a ninguém. (indefinido) / Dei nota zero a esta aluna. (demonstrativo) / A quem você se dedica? (interrogativo) / Aquele é o escritor a cuja obra faço homenagem. (relativo);


F) Entre nomes repetidos (gota A gota,  cara A  cara, dia A dia, lado A lado, passo A passo). Exceção: declarar guerra À guerra; dar vida À vida);


G) Nomes de cidades que não aceitam artigo A (Foi A Campina Grande, A Lisboa, A Paris, A Roma e À Capital). Veda-se também a crase depois doutra preposição, exceto até: “Ante A descoberta, o cientista gritou. Após A voz de prisão, o bandido entregou os comparsas. Contra A ação do governo, João realizou um protesto” (wikipédia).


3) A Crase É Facultativa antes de nomes próprios femininos e pronomes possessivos femininos (entregue a carta À/A Maria. Vá A /À sua cidade) e depois da preposição ATÉ: Dirija-se direto até À (A) a sala. Isso se explica porque pode se usar ou não o artigo antes de qualquer nome próprio e de qualquer pronome possessivo e existe tanto a preposição até quanto a locução prepositiva até a. Se o nome próprio vier qualificado, a crase é obrigatória: Sempre obedecemos à simpática Maria. Em referência a pessoas com quem não se tem intimidade, não se usa a crase, a menos que haja um adjunto adnominal: Ele se referiu a Fátima Bernardes. Ele se referiu à famosa Fátima Bernardes. Com pronome possessivo substantivo, a crase é obrigatória: Esta toalha é semelhante à minha.


4) Casos Especiais de Crase: TERRA (em oposição “a bordo” no mar) e CASA (lar) só são antecedidos de crase  se vierem com modificadores. Já com a palavra terra (chão firme, em linguagem náutica) só ocorre crase quando vier acompanhada de um modificador: Acabei de chegar a casa. Ele foi a casa (nota: Com verbo de movimento não se usa EM: “Ele chegou EM casa” só se usa coloquialmente e a literatura já registra esse uso. Mas: “Ele está EM casa” não foge da linguagem padrão, pois o verbo ESTAR não indica ação). Acabei de chegar À casa velha. Ele foi À casa dos avós ( “velha” e “dos avós”, um adjetivo e uma locução adjetiva, são modificadores da palavra casa; por isso, houve a crase).  Porém, casa no sentido de construção ou edifício, admite artigo normalmente e, portanto, a crase: Ele foi à casa tencionando parar a reforma dela.


Quando terra não significa “terra firme” (em oposição “a bordo”),  ela permite o artigo e, por conseguinte, a crase.  Os tripulantes do navio voltaram A terra depois do acidente em alto mar. Os astronautas voltaram À Terra no momento previsto. O barco à deriva acabou chegando A terra. Os nordestinos exilados no Sul do país sempre desejam voltar À terra de origem.


5)cCrase Obrigatória.  Em locuções:  A) Adverbiais: Ele caminhava “À noite” (à tarde, à esquerda, à toa, às pressas, à vontade, à noite, às vezes, à direita, à deriva, à beça, etc.);  B) Prepositivas: “À guisa” de introdução, algumas palavras.... Estou “À espera” de ajuda. “À roda de amigos”, ele fica à vontade. Ele está “À frente” de tudo. Estás “À beira” do precipício.  “À procura” da felicidade. C)   Conjuntivas: “À proporção” (“À medida que”) que crescia, ele emagrecia.

Ele vive “ÀS custas” do irmão. Ela fala “À maneira” antiga e se veste “À moda” atual.

À beça não tem nada a ver com o Bessa.


6) Dicas de Verificação da Crase.  Se antes de uma palavra feminina surgir a dúvida no uso da crase, se tal palavra for um topônimo, basta analisar se antes dela também cabe o artigo. Digamos que você queira ir a um estado ou a uma cidade muito bons, como Paraíba e Campina Grande, e tenha dúvidas de como emitir essa vontade por escrito: Vou A Campina Grande? Vou À Paraíba? Substitua o verbo IR pelo verbo VIR ou ESTAR: Vim de Campina Grande. Estou em Campina Grande. Vim da Paraíba. Estou na Paraíba. Então você conclui que o certo é dizer assim: Vou A Campina Grande (esta não admite artigos, exceto se vier especificada por um adjetivo ou locução adjetiva) e Vou À Paraíba (a Paraíba admite o artigo A). Veja que podemos dizer A Paraíba; mas A Campina Grande, não.

Use o velho macete: se vou À e volto DA, acento lá no A, se vou A e volto DE, acento para quê, se estiver especificado, acento vai ter


Uma sugestão: Se desejar vir a CG, venha na época do São João (30 dias de festas ininterruptas!). Mas, se você disser, quando voltar à terra natal, “cheguei da CG”, a menos que queira inventar novas regras para a gramática, você pode se dar muito mal! Porém, pode dizer com satisfação: “Vim da Paraíba!”


Outra dica: Se antes de uma palavra feminina, por exemplo, surgir a dúvida, basta trocá-la por uma masculina. Se couber a contração AO, antes da palavra feminina cabe a crase: Dei o carro À filha. Dei o carro AO filho. Vamos À luta. Vamos AO desafio. Fui À igreja. Fui AO cinema.

Se não, antes da feminina não cabe a crase: Bebi A água. Bebi O suco. Encontrei A esposa. Encontrei O marido. Escrevi A redação. Escrevi O texto.


Curiosidade: Falamos que metaplasmos são as alterações que uma palavra sofre ao longo dos tempos. Vejamos o caso da preposição  POR e do verbo PÔR. Este pede um acento diferencial para se distinguir da preposição. Porém, antigamente não existiam essas palavras tais como são grafadas hoje. Antes havia a preposição PER (assim escrita no Latim e no "Português Arcaico"), que mudou para a forma atual POR. Já o verbo, antes era escrito POER (segunda conjugação).

Duas palavras de grafias e de classes diferentes são hoje escritas da mesma forma. O sinal do acento circunflexo no verbo (pôr) passou a ser usado por convenção.


Uma nota final: CRASE não é sinal diacrítico, não é sinal de acento; crase não é acentuada; um A só é "craseado" por comodidade (alguém diz: "Olha, esse A é 'craseado") nem recebe crase. O "A" recebe o sinal grave (´) para indicar crase (contração de A+A). A rigor, quando estivermos ditando uma frase para alguém em que haja uma crase, deveríamos dizer assim: "O navio está À deriva", "esse A é uma crase". Desde que quem escreva saiba o que é crase, ele colocará o sinal grave sobre o A.


Vale a pena não tem crase, porque o verbo valer é transitivo direto.

Substituindo por um termo masculino: Vale o esforço, e não 'ao esforço'.

Não tem crase em Vale a Pena Ver de Novo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Menu Sky em 2007 (1)

Globo - programação: semana de 05 a 11/07/2003

Sessão Especial - lista de filmes