Prof. Renato Aquino - elementos da comunicação / funções da linguagem

 1. Emissor
É aquele que transmite uma mensagem qualquer a alguém ou a um grupo.
O termo falante deve ser usado em relação à comunicação feita de forma verbal.
2. Receptor
É aquele que recebe a mensagem transmitida por alguém ou um grupo.
A palavra ouvinte é mais bem empregada quando se trata da comunicação verbal.
3. Mensagem
Aquilo que o emissor transmite ao receptor.
4. Código
O meio usado para transmitir a mensagem. O mais comum e importante é a língua falada (ou escrita). Tem de ser comum ao emissor e ao receptor, sob pena de não haver comunicação, já que a mensagem não será entendida, decodificada. Há também o código dos sinais, dos gestos, dos sons não verbais etc.
5. Canal
Aquilo que transmite a mensagem.
Os canais naturais são o ar e a luz, seja a comunicação falada ou escrita. Quando alguém fala, o som chega ao ouvinte por meio do ar, através do qual ele se propaga. Se a comunicação é escrita, o canal é a luz, pois só na presença dela é possível ler. Apague-se a luz, e a comunicação estará interrompida. Também se entendem como canais os suportes físicos não naturais como a folha de papel e a tinta com que a mensagem foi escrita, a televisão, o rádio, a internet, o telefone, as redes sociais, o cinema, as partes do corpo humano usadas na transmissão, como os dedos etc.
6. Referente
É o assunto a que a mensagem se refere.
O contexto pode ser determinante na comunicação. Uma frase pode ser entendida por um receptor, e não por outro, se estiver fora do contexto deste último. Por exemplo, se estou no Brasil, ao me comunicar com alguém, posso dizer que peguei um trem. Houve comunicação, pois a pessoa compreendeu perfeitamente; é o contexto brasileiro que permite isso. Indo a Portugal, se eu disser a mesma frase, talvez não seja compreendido, pois o contexto português é outro (lá se diz comboio). O código é o mesmo (a língua portuguesa), mas o referente é outro, não se realizando então a comunicação.
Exemplos
a) Paulo disse a seu irmão que a prova tinha sido adiada.
Emissor: Paulo
Receptor: o irmão
Mensagem: adiamento da prova
Código: a língua falada
Canal: o ar
Nota: Para o código, numa situação como essa, há quem afirme que é a língua portuguesa. Acontece que nada, na frase, diz qual língua foi usada. Assim, o ideal é dizer que o código é a língua falada.
b) Marta recebeu uma carta do namorado, o qual lhe pedia desculpas pelo
ocorrido.
Emissor: o namorado
Receptor: Marta
Mensagem: pedido de desculpas
Código: a língua escrita
Canal: a luz (natural); o papel em que a mensagem foi gravada (não natural)
c) Quando o guarda apitou, todos pararam seus carros.
Emissor: o guarda
Receptor: todos (no caso, receptores)
Mensagem: parar os carros
Código: o som do apito
Canal: o ar (natural); o apito (não natural)
FEEDBACK
Também chamada de retroalmentação, corresponde à resposta, por qualquer meio, do receptor. Ao responder, ele prova que entendeu a mensagem enviada pelo emissor. Só assim pode-se dizer que houve comunicação.
Imaginemos uma pessoa dizendo algo a alguém. Se o suposto receptor não se manifestar, pode ser que não tenha entendido ou mesmo escutado; nesse caso, não teria havido comunicação. O que garante é o feedback, ou seja, o receptor se manifestando, respondendo, situação em que passa a ser o receptor de uma nova comunicação. Pode-se entender que a comunicação é uma sucessão de pequenas comunicações, com emissor e receptor se revezando, trocando de posição.
RUÍDO
Em comunicação, entende-se por ruído qualquer tipo de interferência que possa prejudicar ou impedir a transmissão da mensagem. Há dois tipos de ruído:
1. Externos
Todas as situações de ordem ambiental a que estamos sujeitos. Por exemplo, se alguém fala alguma coisa, mas o som de um ventilador não deixa que o receptor escute a frase, não houve comunicação. O som do ventilador foi o ruído, a interferência que impediu a comunicação. Na realidade, não pode haver nenhuma espécie de ruído, para que haja, de fato, comunicação.
2. Internos
Próprios do código que utilizamos. Uma palavra cujo sentido é desconhecido do receptor não permitirá que a mensagem seja decodificada; uma frase com dupla interpretação pode levar a pessoa a entender algo diverso daquilo que se quer comunicar, e igualmente a comunicação não se terá realizado.

A partir dos seis elementos que compõem a teoria da comunicação, o linguista russo Roman Jakobson estabeleceu as funções da linguagem. Eis as seis funções.
1. Função referencial ou informativa
Centrada no referente, prima pela objetividade. É a função predominante na linguagem científica ou técnica, e mesmo na jornalística, que precisam ser imparciais e claras. Também é a função dos documentos e comunicações oficiais:
As pessoas chegaram cedo para a reunião, que estava marcada para as quatro horas.
Esse tipo de frase não privilegia qualquer elemento da comunicação, que não o próprio referente, o contexto. Observe as indicações objetivas sobre o que iria ocorrer, inclusive com indicação do tempo. A reunião pode ser entendida aqui como o referente; a mensagem, a chegada antecipada das pessoas. Sim, porque se trata de uma comunicação do autor do texto com o leitor. Sempre que alguém escreve e alguém lê, há comunicação. E a linguagem é usada com determinadas funções.
2. Função emotiva ou expressiva
Centrada no emissor, transmite, às vezes de maneira velada, suas emoções, opiniões, decisões, argumentos, análises etc. Comum nas cartas pessoais, cordéis, novelas, letras de música, memórias, biografias, depoimentos, entrevistas.
Linguagem em primeira pessoa:
Estou triste com sua ausência.
Preciso vê-la o mais rápido possível.
Nas duas frases, temos a função emotiva da linguagem. Na primeira, esse caráter emotivo é evidente pela confissão ostensiva da tristeza. A frase serve tão somente para pôr em destaque o emissor, envolvido por seus sentimentos.
Na segunda, essa emotividade está presente, mas não é evidente. A força da forma verbal preciso e a rapidez com que ele deseja que o encontro ocorra garantem que a função é emotiva, mesmo sem uma declaração notória de sentimentalismo, expresso muitas vezes por adjetivos, como a palavra triste no primeiro exemplo.
3. Função conativa ou apelativa
Centrada no receptor, procura convencê-lo de algo. É comum o emprego de imperativos (ou formas que o substituam) e vocativos. Também é usada em propagandas eleitorais, sermões religiosos, livros de horóscopo e autoajuda, preces e orações:
Volte logo, meu filho.
Falar baixo, por favor.
É a linguagem predominante na publicidade, que faz do destinatário o seu alvo. Quem anuncia um produto quer vendê-lo, alugá-lo, trocá-lo etc. Então a linguagem deve estar voltada para o possível consumidor:
Estude no colégio Primor e garanta um futuro melhor.
Sapatos Estrela, excelentes para seus pés.
No primeiro exemplo, os verbos estão no imperativo, o que deixa evidente a função conativa da linguagem. No segundo, embora sem imperativo, percebe-se que o anunciante procura chegar ao destinatário da comunicação por intermédio do pronome possessivo seus, para os quais os tais calçados serão excelentes.
4. Função poética ou estética
Centrada na mensagem, procura trabalhá-la de maneira especial. Tenta torná-la mais agradável, bonita, charmosa, valendo-se de recursos gramaticais, como uma maior adjetivação e o emprego de figuras de linguagem. É a linguagem da poesia, da literatura como um todo. Também é usada em músicas, histórias em quadrinhos, piadas e trocadilhos:
“E doce a brisa no arraial das flores
lânguidas queixas murmurando corre.” (Fagundes Varela)
Numa linguagem objetiva, não se diria que a brisa é doce, nem que as queixas são lânguidas; também não se diria que a brisa corre murmurando. É uma linguagem especial, e sua função aqui é levar a mensagem de maneira mais bela.
O humorista Millôr Fernandes disse uma vez que “hipótese é algo que não é, mas que a gente diz que é, para ver como seria se fosse”. Esse tipo de construção, um autêntico jogo de palavras, pode ser entendido também como uma função poética da linguagem.
5. Função metalinguística
Centrada no código, é a linguagem das definições e conceitos. Os dicionários e gramáticas são exemplos de metalinguagem. Em outras palavras, é a linguagem explicando a própria linguagem. Outro exemplo são os programas de TV que falam sobre TV.
Pedra é uma matéria mineral dura e sólida, da natureza das rochas.
6. Função fática
Centrada no canal, busca iniciar ou reiniciar uma comunicação.
Geralmente se expressa por palavras ou frases curtas, que visam a testar o canal, ou seja, ver se é possível a comunicação:
Alô!
Oi, como vai?
Às vezes, quem faz esse tipo de pergunta apenas tenta iniciar uma comunicação. Talvez nem esteja realmente interessado em saber se a pessoa vai bem ou não. É algo mecânico, de estabelecimento ou restabelecimento de comunicação.
Observação
Em um mesmo texto podem existir várias funções. Até mesmo em uma simples frase isso costuma acontecer: “Lembrai, soldados, que do alto destas pirâmides quarenta séculos vos contemplam” (Napoleão Bonaparte). Do original
francês “Soldats, songez que, du haut de ces pyramides, quarante siècles vous contemplent.”
Distinguem-se as funções conativa, pelo direcionamento aos soldados, e poética, pela linguagem especial com que a mensagem é transmitida: na realidade, séculos não contemplam ninguém.

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